Empresários brasileiros mostram interesse em ampliar vendas para Cuba
O mercado cubano corresponde a uma fatia pouco significativa das exportações brasileiras. No ano passado, de US$ 242,17 bilhões exportados pelo Brasil, Cuba respondeu por US$ 528,17 milhões, o equivalente a apenas 0,21%. Mesmo não sendo representativa no bolo, a ilha traz boas perspectivas para muitos empresários brasileiros. Buscando espaço nesse mercado de dinâmica diferenciada, um total de 45 exportadoras do Brasil esteve na Feira Internacional de Havana, evento de negócios organizados pelo governo cubano, que encerra neste sábado (8).
Entre elas, estava a Itallian Hairtech, fabricante de produtos para cabelo. Luiz Carlos Costa, gerente de Comércio Exterior da empresa, explica que ela entrou no mercado cubano há um ano. “Estão abrindo em Cuba salões de beleza privados, mas nosso produto está sendo vendido na cadeia de lojas autorizada pelo governo. Vendemos para a Cimex. Há mais três cadeias estatais: TRD, Palco e Caracol”, relata. Luiz Costa destaca que, em função da presença forte do Estado, o mercado cubano é “totalmente diferente” de outros países, mas a demanda da população por bons produtos é igual.
“As mulheres cubanas não são diferentes das mulheres do mundo. Elas buscam essa parte da beleza, de se sentirem bem consigo mesmas. Existe um dinheiro rodando e, no ano passado, foi regulamentada a profissão de cabeleireiro, manicure e esteticista. No Brasil essa profissão não é regulamentada ainda”, comenta o empresário. A Itallian Hairtech fechou acordo com o governo cubano para qualificar cabeleireiros a usarem seus produtos. Um curso já aconteceu e estão previstos mais quatro.
“Existe uma dificuldade. Por ser uma escola estatal, tem uma estrutura muito degradada”, explica ele. Luiz Costa acrescentou que tem feito contatos para viabilizar uma reforma na área utilizada para os cursos. Costa destaca que, graças ao acordo entre os governos brasileiro e cubano, há alguns incentivos fiscais para a venda dos produtos do Brasil, o que permite um preço final atraente. Segundo ele, o primeiro contrato da Itallian Hairtech com a Cimex foi no valor de US$ 150 mil. Oficializado na feira, o entendimento para 2015 envolveu US$ 450 mil, valor três vezes maior. Além de Cuba, a Itallian Hairtech exporta produtos para os Estados Unidos, o Peru, a Colômbia, o Chile e o Egito.
Mais experiente, a empresa fabricante de chuveiros elétricos Fame iniciou sua inserção no mercado cubano há 20 anos. No entanto, os negócios permaneceram parados por quase uma década, em função da proibição da venda de eletrodomésticos na ilha, entre 2003 e 2011. O motivo era a falta de infraestrutura para o funcionamento de equipamentos de alto consumo.
“Teve esse momento em que ficou proibido. A gente fez um trabalho, trouxe um engenheiro, desenvolveu chuveiro com menor potência, especialmente para o mercado cubano. O cubano, em particular, tem apreço por banho de água quente, mesmo fazendo calor [no país]”, explica Maria Prado, gerente de exportação da empresa.
Ela explica que a Fame exporta para mais de 40 países, com forte presença na América Latina. “Para a gente, desde que abriu de novo, tem sido um mercado muito importante. No Caribe, é o nosso maior mercado. Entre toda a carteira, fica entre os cinco maiores clientes”, informa. Segundo Maria, as vendas a Cuba são feitas por meio de uma trade (empresa de exportação e importação) brasileira.
O gerente de Imagem e Acesso ao Mercado da Apex, Rafael Prado, acredita que a participação brasileira no mercado cubano aumentará. “O Brasil é um dos principais provedores, mas ainda tem o que crescer, pois a economia cubana está se desenvolvendo. As maiores compras são, com certeza, via governo ou parcerias público-privadas. [As vendas] acontecem tanto para o mercado interno quanto para o público circulante [turistas]”, diz. Segundo ele, a Apex ajuda os empresários interessados com estudos de mercado, apontando os produtos que Cuba mais está adquirindo.
No ano passado, os participantes da Feira Internacional de Havana contabilizaram exportações no valor de US$ 97 milhões, imediatas e nos 12 meses seguintes. A Apex ainda não divulgou dados sobre o evento deste ano. O Brasil participa da feira desde 2003.