logo Agência Brasil
Economia

Alunos ocupam prédio e salário de professores de SP pode atrasar

Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 29/04/2016 - 11:56
São Paulo
São Paulo - Estudantes da rede estadual de ensino e de escolas técnicas paulistas passaram a madrugada desta sexta-feira na sede do Centro Paula Souza  (Rovena Rosa/Agência Brasil)
© Rovena Rosa/Agência Brasil
São Paulo - Estudantes da rede estadual de ensino e de escolas técnicas paulistas passaram a madrugada desta sexta-feira na sede do Centro Paula Souza (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Estudantes da rede estadual de ensino e de escolas técnicas paulistas ocuparam a sede do Centro Paula Souza na tarde de ontemRovena Rosa/Agência Brasil

A superintendente do Centro Paula Souza (CPS), Laura Laganá, disse hoje (29) que, caso o prédio continue ocupado, o pagamento dos professores do ensino técnico estadual pode atrasar. A sede da autarquia, no bairro da Luz, região central da capital paulista, foi ocupada na tarde de ontem (28) por estudantes que protestam contra a falta de merenda e os cortes nos recursos da educação.

Vinculado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação de São Paulo, o CPS administra 219 escolas técnicas estaduais e 66 faculdades de tecnologia.

“Se os funcionários não entram, eu não rodo folha de pagamento. Isso aqui roda a folha de pagamento da instituição inteira”, disse Laganá, do lado de fora do prédio. Lembrou que os docentes devem receber no próximo dia 5. Assim, há pouco tempo hábil.

A proposta é que os estudantes montem uma comissão para abrir as negociações para a desocupação do centro. “Eu propus desde ontem uma comissão de dez alunos, eu quero conversar. Eles quererem que eu entre para conversar com 300, vocês sabem que isso é impossível”, disse aos jornalistas.

Sem merenda

Os estudantes reclamam que nem os matriculados no ensino integral recebem alimentação. Os alunos querem que sejam construídos bandejões e, provisoriamente, seja concedido vale-alimentação. “Não tem merenda, nem nunca teve. Nem merenda seca, nem almoço. E a gente tem muitos períodos de ensino técnico integrado. Quem não tem dinheiro passa fome”, reclama Olívia Batista, de 15 anos, que estuda na Escola Técnica Estadual Guaraci Silveira, em Pinheiros, zona oeste paulistana.

Para ela, os problemas na alimentação dos estudantes estão ligados não só a questões de estrutura, mas a desvios de conduta dos gestores. “Nós, estudantes de Etecs e escolas estaduais, estamos lutando pelo nosso direito à merenda. A gente tem direito de receber a merenda. Apesar das desculpas que eles dão, a gente sabe que existe muita corrupção”, afirmou.

O local foi ocupado após uma passeata na tarde de ontem em protesto contra as denúncias de corrupção nos contratos da merenda escolar no estado e os cortes de recursos na educação. O grupo passou a noite no centro e tem recebido apoio - cobertores e alimentos - de uma rede de solidariedade montada por pais de estudantes. Olívia diz que o frio da madrugada foi agravado devido à climatização do edifício. “A gente passou muito frio, porque eles ligaram o ar-condicionado do prédio inteiro na temperatura mínima e bloquearam a entrada da sala de controle. Então, a gente não conseguiu desligar”, reclamou.

Fraudes

Uma força-tarefa da Polícia Civil e do Ministério Público investiga, na Operação Alba Branca, deflagrada no dia 19 de janeiro, um esquema de fraudes na compra de merenda escolar de prefeituras e do governo paulista. Segundo o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), de Ribeirão Preto, as fraudes na contratação da merenda, entre 2013 e 2015, envolvem 20 municípios. Os contratos sob suspeita chegam a R$ 7 milhões, dos quais R$ 700 mil foram, segundo os promotores, destinados ao pagamento de propina e comissões ilícitas.