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Mulheres têm menos direitos e oportunidades de emprego, revela Dieese

No terceiro trimestre de 2024, 7,7% das mulheres estavam sem emprego
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Priscilla Mazenotti - repórter da Rádio Nacional
08/03/2025 - 08:00
Brasília
Desemprego
© Wilson Dias/Arquivo/Agência Brasil

Em pleno 2025 e um dado que é um velho conhecido. Mesmo com o desemprego caindo e atingindo recordes históricos e o PIB aumentando, as mulheres continuam com menos direitos e oportunidades de trabalho. É o que mostra um estudo do Dieese divulgado esta semana feito com base na Pnad Contínua do terceiro trimestre do ano passado.

Nós, mulheres, ainda estamos com as maiores taxas de desemprego e os menores salários. Vamos aos números: 2024 fechou o terceiro trimestre com mais 3,7 milhões de mulheres desocupadas. 7,7% contra 5,3% dos homens.

E a situação entre as mulheres negras é ainda mais grave. Quase um quarto delas estão nas categorias de mão de obra subutilizada: que é quando ela está desempregada, trabalha menos do que poderia ou procurou emprego mas a vaga não estava disponível. 

Estar desocupada não significa não fazer nada. Os afazeres domésticos tomam o tempo. E muito. Olha só essa estimativa do Dieese: por ano, as mulheres gastam o equivalente a 21 dias a mais que os homens nas tarefas de casa. O que leva, segundo a professora e pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina, Gláucia Fraccaro, à discussão sobre a jornada de trabalho e a qualidade desse trabalho.

“Qual é a importância da jornada nisso tudo? É justamente na qualidade de vida, na possibilidade de poder cuidar da casa, de poder cuidar da sua própria família, de poder fazer formação para poder crescer no emprego e ganhar mais. Tudo isso tem sido cada vez mais achatado impostos por trabalho com jornada completa, das 44h e com rendimentos muito baixos”.

E entre as que trabalham fora ainda tem outra diferença: a remuneração. Elas ganham em média R$ 762 a menos que eles. Quando se fala em cargos de direção, a diferença de rendimentos pode chegar a R$ 40 mil.

Aliás, essa diferença tem diminuído. Segundo a professora Gláucia Fraccaro, graças a iniciativas como a lei da igualdade salarial.

“A Lei de Igualdade Salarial promove monitoramento de empregos que têm um pouco mais de qualidade, que são os empregos formais e é uma ferramenta fundamental para melhorar a inserção das mulheres no mercado de trabalho, mas não só para melhorar também a qualidade desse emprego”.

E a professora conclui dizendo que, neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, as discussões estarão muito voltadas também para a democracia e para a cidadania feminina.

"Mulheres que ganham muito pouco, que estão fora do sistema de Seguridade Social, ainda sofre bastante com esse universo de cuidados precisam tanto da democracia quanto de descortinar esse universo de trabalho invisível para que a gente seja um Brasil produtivo e mais rico".

*Com produção de Beatriz Evaristo.