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Rio terá primeira escola com foco em matemática e aulas de chinês

Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 23/09/2014 - 21:29
Rio de Janeiro

A partir do ano que vem, 72 alunos da rede pública de ensino do Rio de Janeiro vão poder estudar na única escola do Brasil com ensino bilíngue de português e mandarim, e ainda terão especialização em matemática. O Colégio Estadual Matemático Joaquim Gomes de Sousa - Intercultural Brasil-China, no bairro de Charitas, em Niterói, região metropolitana do Rio - vai funcionar em um prédio histórico, que já abrigou a residência de veraneio da princesa Isabel.

Todo reformado, o prédio foi entregue, hoje (23),  pelo secretário de Estado de Educação, Wilson Risolia, em cerimônia com a presença do cônsul-geral da China no Rio de Janeiro, Song Yang, e da diretora do Instituto Confucius, Qiao Jianzhen. A cerimônia comemorou ainda os dez anos do Instituto, os 40 anos das relações Brasil-China e os 65 anos da República Popular da China.

Wilson Risolia acredita que já no terceiro ano de funcionamento a escola possa ter um aluno premiado em matemática. “Espero que os nossos jovens se destaquem na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. Todos os anos tem a olimpíada de matemática, e o número de medalhistas da rede estadual ano a ano vem crescendo”, analisou.

Os candidatos a alunos estão passando pela fase de seleção, que destina 90% das vagas para alunos da rede pública, 5% para pessoas com necessidades especiais e 5% para estudantes da rede privada. A procura foi tanta que o colégio já registrou a maior relação candidato/vaga. “Algumas pessoas ficaram com receio de não ter demanda. Primeiro, porque era uma escola de matemática, que os jovens têm certa aversão. Segundo, porque são dez horas de aulas por dia. Mas a gente teve uma concorrência grande, maior do que nas outras. Aqui são sete candidatos por vaga, e nossa expectativa era que fossem quatro [por vaga]. Para primeiro ano de uma escola com essas características é para se comemorar”, destacou.

De acordo com a Secretaria de Educação, a reforma do prédio, construído em 1849, custou R$ 21,4 milhões ao governo do estado, em obras e equipamentos. O colégio, que é uma parceria com a Universidade de Hebei, da China, terá nove salas de aula, dois laboratórios de idiomas, dois de games online, com apoio da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, um centro de informática, auditório, biblioteca, salas de música e de ginástica, três áreas de convivência, piscina interna, cozinha com refeitório e recepção.

A escola é o 27º colégio do Programa Dupla Escola, que além da formação geral com os conteúdos do ensino médio regular, tem formação profissional ou proficiência em uma língua estrangeira. Já estão em funcionamento escolas com ensino de inglês, francês e espanhol. Pela previsão do secretário Risolia, até o fim do ano que vem serão 50 escolas com período integral e sistema integrado. “A agenda de desenvolvimento econômico do estado está conectada com a política de educação. Não dá para fazer depois. Caminhando juntos não se criam vazios”, esclareceu.

A diretora do colégio, Janete Fortes, que trabalha há 28 anos na rede pública estadual, está animada com a nova experiência. “A minha expectativa é ver esta escola maravilhosa cheia de alunos, melhorando, dando resultados com muito interesse na área de exatas”, revelou.

O secretário informou ainda que o governo estadual está analisando uma parceria com a prefeitura de Niterói para instalar uma área de convivência para idosos no colégio, nos fins de semana. “A gente acredita que é muito importante ter o encontro de gerações, com uso do auditório, da biblioteca, de jogos e da sala de música. É uma escola que tem muito espaço para atividades que podem ser feitas com idosos”, ressaltou.

A diretora do Instituto Confucius lembrou que a parceria foi firmada após duas missões de educadores em visitas a cinco escolas e três universidades chinesas. “Todo mundo está trabalhando para este intercâmbio cultural e educacional. Por isso, todos estamos felizes”, disse.

O cônsul-geral lembrou que o Brasil é o maior parceiro comercial da China. No ano passado, o fluxo de comércio bilateral somou US$ 83,3 bilhões, com superávit de R$ 8,7 bilhões para o Brasil. “Criar dupla escola gera benefícios, não só no presente, como também no longo prazo. É um bom investimento. A escola não é só um símbolo de cooperação educacional sino-brasileira e de amizade dos dois povos, mas abre também um novo capítulo no aprofundamento do intercâmbio cultural”, analisou.

Song Yang informou ainda que a parceria com a Universidade de Hebei prevê também que após concluírem o curso, os alunos interessados podem ter bolsas de estudo para ingressar na instituição.