Vilas operárias de São Paulo são um passado que resiste
Se numa metrópole, tempo é dinheiro, o ritmo é a velocidade com a qual os habitantes chegam ao pote de ouro. Mas o que é tempo e ouro quando a vida se congela em ruínas no bairro do Belenzinho, zona leste de São Paulo? A Vila Maria Zélia inaugurada em 1917 é uma destas preciosidades que resistem ao progresso, às mudanças de hábito e de rotina em casas com pé direito de 4 metros de altura, e vizinhos que se conhecem numa cidade habitada por milhares de anônimos. O ex-modelo Edelson Pereira Pinto, conhecido por Seu Dedé, é morador do bairro desde que nasceu, há mais de 70 anos: “tenho orgulho em dizer que eu durmo no quarto em que nasci”.
Os prédios abandonados são também a atração da vila. Os moradores convivem com visitantes em busca de história nas paredes destruídas da antiga escola de meninas, hoje sem teto. A falta de conservação do armazém, da escola dos meninos, sapataria e boticário – a farmácia da vila – não impede o visitante de imaginar como viviam as famílias dos funcionários de uma fábrica de sacos de juta para embalar a produção cafeeira no começo do século 20.
Há vinte minutos dali, a Vila dos Ingleses nos leva a outra viagem no tempo a céu aberto. O complexo de 28 casas foi construído em 1917 para receber as famílias de engenheiros ingleses que vieram para a reforma da Estação da Luz. O Caminhos da Reportagem revela este patrimônio tombado pelo governo paulista e localizado discretamente entre prédios imponentes – a própria Estação da Luz, a Pinacoteca, o Museu de Arte Sacra – e ruas degradas do centro onde a cracolândia também resiste ao tempo. O programa vai ao ar neste domingo, às 20h, na TV Brasil.
A íntegra do programa estará disponível no site.