Israel devolve a palestinos 10 toneladas de correspondências
As autoridades de Israel entregaram esta semana na cidade palestina de Jericó cerca de dez toneladas de cartas, pacotes e compras pela internet enviadas à Palestina e que estavam retidas, em alguns casos, há oito anos.
Os funcionários do escritório postal de Jericó passaram dias entre montanhas de correspondências, classificando por cidades as inumeráveis cartas e pacotes de todos os tamanhos que pertencem a palestinos, apesar de nunca terem chegado às suas mãos.
Envelopes manuseados, sujos, uma cadeira de rodas enviada em 2015 e coleções de livros que saíram da Jordânia para universidades da Faixa de Gaza e Jerusalém e que não foram abertos, são só uma parte das milhares das encomendas que serão enviados aos escritórios postais locais em Gaza e Cisjordânia para depois serem distribuídas.
"Não sabemos se há correio para Jerusalém Oriental porque ainda não revisamos tudo, mas se encontrarmos o entregaremos às autoridades israelenses para que enviem a seus proprietários", disse o diretor do serviço postal palestino, Hussein Sawafta, sobre a parte da cidade ocupada por Israel e anexada unilateralmente em 1980 em uma decisão que não foi reconhecida pela comunidade internacional.
O problema está sendo resolvido por uma decisão do Cogat, órgão militar israelense encarregado de tramitar a ocupação, que com apoio do Ministério de Comunicações e da Autoridade de Alfândegas, "permitiu a transferência de uma só vez de aproximadamente dez toneladas e meia de correspondências que tinham sido retidas na Jordânia", informou Sawafta.
A medida foi tomada em virtude de um acordo assinado em 2016 entre o órgão e a Autoridade Nacional Palestina para que esta pudesse receber correio de maneira direta, sem passar por Israel como ocorria até então, já que o país controla as fronteiras dos territórios palestinos, que ocupa desde 1967.
O memorando regularia "gradualmente a transferência direta de correspondência de todo o mundo para a Autoridade Palestina através da Jordânia, pela ponte Allenby", algo que ainda não acontece, destacou representante do Cogat.
"Mesmo se algumas encomendas e cartas já estejam inúteis para os seus receptores, em qualquer caso é seu direito recebê-los", ressaltou Sawafta, que sugeriu que Israel decidiu "liberar" a correspondência porque participará de um congresso da União de Correio Universal em Adis Abeba no próximo dia 3 de setembro.
"Assim mostra ao mundo que (Israel) sempre ajudam os palestinos", criticou Sawafta.
Agora resta a árdua tarefa de distribuir anos de correspondências que incluem também, por erro, pacotes enviados a outros países árabes.