Passeata em apoio a Dilma reúne 20 mil pessoas em Salvador
Representantes de movimentos sociais e entidades sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de partidos políticos e frentes, como Brasil Popular e Povo Sem Medo, começaram a chegar, no início da noite, à Praça Castro Alves, no centro da capital baiana, vindos de uma passeata de protesto contra o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, cuja admissibilidade está sendo discutida na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Segundo a Polícia Militar da Bahia, 20 mil pessoas se concentraram na Praça Dois de Julho, no Campo Grande, e de lá caminharam em direção à Praça Castro Alves, onde finalizam a manifestação.
"A gente sabe que o impeachment está previsto na Constituição, mas, se não há crime de responsabilidade, não existe [motivação]. Por isso, os trabalhadores começaram a entender e estão vendo que o plano de fundo disso tudo é acabar com as investigações da [Operação] Lava Jato para que não sejam punidos os verdadeiros culpados", disse o presidente da CUT na Bahia, Cedro Silva.
Vestidos, em sua maioria, de vermelho e branco, os manifestantes levavam faixas e cartazes de apoio à presidenta Dilma Rousseff e contra ao que chamavam de "golpe contra a democracia". Outras frases criticavam o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o vice-presidente Michel Temer. Foram vistas bandeiras de diferentes partidos políticos, do movimento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros), de centrais sindicais e do movimento feminista.
Integrante da Marcha Mundial das Mulheres Bahia, Liliane Oliveira disse que os movimentos contrários a Dilma representam o discurso do patriarcado, que não aceita uma mulher no poder. "Os ataques [à presidenta] vão muito na linha de chamá-la de louca e descontrolada. Mas, quando Michel Temer manda uma carta e vaza um áudio como se fosse o presidente, não é golpista, nem descontrolado. E isso vai forçando muitas mulheres a assumir uma posição, mesmo que seja contra o governo, mas a favor da democracia e dos nossos direitos", afirmou.
A secretaria de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos da Bahia (Sindoméstico), Cleuza Santos, destacou que a categoria "sempre esteve e vai continuar nas ruas", a favor da presidente Dilma, que foi eleita democraticamente por 54 milhões de pessoas. "Não queremos retrocesso. Foi neste governo que o filho da trabalhadora doméstica chegou à faculdade e está fazendo outras coisas, e a classe trabalhadora teve mais oportunidades", disse Cleuza.
Encerrando a manifestação, em cima de um trio elétrico, discursaram pela democracia representantes das entidades envolvidas e de movimentos culturais, além de artistas, professores universitários, estudantes e profissionais liberais. A passeata fez parte de uma agenda de mobilizações a favor da democracia, que continua neste fim de semana.