Começa hoje (3) a primeira edição virtual do maior evento literário do Brasil, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Todas as mesas serão transmitidas de forma aberta pelo Youtube e redes sociais da festa, com a participação de nomes de peso da literatura contemporânea.
A mesa de abertura já traz uma das tônicas da programação deste ano. A primeira mulher negra a vencer o Booker Prize, Bernardine Evaristo, vai falar sobre o seu livro "Garota, mulher, outras", que entrelaça as histórias de negras, desde as colônias britânicas no Caribe e na África, até a vida atual na Inglaterra.
Na mesa, ela vai debater com a escritora e tradutora Stephanie Borges, responsável pela versão brasileira de obras escritas por ícones do feminismo negro, como Bell Hooks e Audre Lorde. O tema da herança africana e do racismo volta à baila em outras três mesas.
No sábado, o nigeriano Chigozie Obioma e o brasileiro Itamar Vieira Júnior debatem no painel Ancestralidades, a partir dos seus livros "Uma orquestra de minorias" e "Torto arado". Já no domingo, a americana Regina Porter e o brasileiro Jeferson Tenório vão discutir como o racismo tem atravessado a vida de famílias negras e inter-raciais nos EUA e no Brasil.
Logo em seguida, o performer Danez Smith e a artista visual Jota Mombaça farão reflexões sobre diáspora africana e racismo com a discussão sobre identidade de gênero.
E mesmo em formato virtual, a bela e histórica cidade de Paraty, que sempre foi uma das protagonistas do evento, não vai deixar de brilhar. A noite de abertura termina com uma mesa sobre ciranda, com os músicos locais Fernando e Marcello Alcântara.
Além disso, escritores e outros artistas de Paraty vão aparecer em vídeos no meio da programação, falando sobre seu trabalho, a relação com a cidade e a Flip, e também lendo trechos de obras dos autores convidados. Um deles é a cirandeira Lara, convidada para apresentar algumas linhas de "Uma orquestra de minorias".
Nesta sexta-feira, a Flip recebe ainda Jonathan Safran Foer e Marcia Kambeba na mesa Florestas Vivas, sobre a relação das populações indígenas com a natureza e os impactos das mudanças climáticas no mundo. Em seguida, a poeta americana Eyleen Myles fala sobre suas obras, e a colombiana Pilar Quintana divide a mesa Animais Abatidos com a brasileira Ana Paula Maia.
O sábado começa com o debate sobre o autoritarismo, com a historiadora Lilia Moritz Schwarcz. E logo depois da mesa Ancestralidades, duas grandes estrelas da programação conversam sobre a liberdade: o músico Caetano Veloso, que tem revisitado as memórias de sua prisão e exílio durante o regime militar, e o escritor Paul Preciado, um dos grandes teóricos mundiais sobre gênero e sexualidade.
Já no domingo, último dia da Flip, além das mesas que discutem racismo e identidade de gênero, tem sarau com Rodrigo Ciríaco e Elisa Pereira. O evento termina com uma conversa sobre slams - as contagiantes competições de poesia. Em cena, a primeira vencedora do Campeonato Brasileiro de Slam, Luz Ribeiro, e a organizadora do Slam de Quinta, que já se tornou mais um evento literário de Paraty, Nathalia Leal.