O maratonista etíope Feyisa Lilesa não voltou ao seu país de origem após ganhar a medalha de prata, no último domingo (21), nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. A delegação da Etiópia já chegou à África sem o atleta.
Ao cruzar a linha de chegada, Lilesa fez um gesto de protesto cruzando os braços sobre a cabeça para denunciar a repressão do governo Ethíope contra manifestantes do povo Oromo, que já provocou centenas de mortes.
Após a prova, Lilesa chegou a declarar que tinha medo de sofrer alguma punição ao voltar para a Etiópia e que poderia pedir asilo político em outro país.
Em um comunicado, o ministro do escritório de comunicação do governo Etíope, Getachew Reda, afirmou que o atleta não enfrentará nenhum problema ao voltar para casa e será bem-vindo, assim como o restante da delegação.
O Ministério da Justiça, do Brasil, não informou se o pedido de asilo ou refúgio foi feito alegando sigilo, mas graças ao visto obtido quando veio para competir nos jogos, Lilesa ainda pode permanecer no país por cerca de 70 dias, legalmente.
A Cáritas, organização da Igreja Católica que já intermediou a permanência no Brasil de dois atletas do Congo que desertaram durante o campeonato mundial de judô, em 2013, também não recebeu nenhum pedido para acompanhar Lilesa.
Nas redes sociais, diversos cidadãos etíopes têm manifestado apoio ao atleta, que já foi alçado à posição de herói. De acordo com um estudante universitário, que prefere não se identificar, a etnia Oromo corresponde a mais de 40% da população do país que atualmente é liderado por uma etnia minoritária.
No ano passado, o governo pretendia expandir o limite da capital Adis Adeba, confiscando terras de cidadãos Oromos, o que motivou uma série de protestos reprimidos violentamente. O plano foi suspenso, mas, de acordo com o estudante, centenas de manifestantes continuam presos, assim como políticos de oposição.