Em meio a preconceito e violência, lésbicas transformam festa em resistência em São Paulo
Lésbicas, bolachas, sapatões, sapas ou, simplesmente, mulheres que amam mulheres.
Foi em 1996 que a visibilidade lésbica entrou para o calendário nacional. No dia 29 de agosto daquele ano teve o primeiro Seminário Nacional de Lésbicas, no Rio de Janeiro.
O encontro foi um marco na organização do segmento que representa o L da sigla LGBT.
A historiadora Heliana Hemérito é vice-presidente da associação brasileira LGBT. Lésbica, negra e do alto de seus 65 anos reconhece os avanços.
Mas, ela lista os desafios que 22 anos depois, essas mulheres continuam enfrentando.
O monitoramento desse tipo de violência é difícil porque nem sempre são registrados nas delegacias de polícia.
Esse é um dos crimes de ódio analisados pelo primeiro dossiê sobre lesbocídio no Brasil, feito por pesquisadoras da UFRJ. Violência que tira vidas.
Em 2017, 54 mulheres foram assassinadas pelo fato de serem lésbicas. Um número três vezes maior do que em 2014, quando foram 16 casos.
O estudo deixa um alerta: como o problema é invisível, muitos desses crimes não são associados à lesbofobia.
Mas se é pra organizar a resistência, que seja em alto astral.
A Sarrada do Brejo, uma festa exclusiva para mulheres, reúne as sapas paulistanas, principalmente negras e da periferia da cidade, para cantar, dançar e, abrir o verbo sem correr riscos.
Fernanda Gomes, do Coletiva Luana Barbosa, que organiza a festa é quem explica.
Balada que reúne centenas de mulheres que ajudam umas às outras a enfrentar a violência e padrões impostos.
Para Heliana, são movimentos assim que fazem ela ter certeza que as ''sapas'' vão conseguir vencer o preconceito.
O Coletiva Luana Barbosa é uma homenagem à jovem lésbica e negra que foi espancada até a morte por três policiais militares na periferia de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, em 2016.