Os garimpos ilegais na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, que continuam ativos, vem inviabilizando o atendimento à saúde da população. A área de garimpo cresceu 7% no ano passado, segundo às informações divulgadas em nota técnica pela Hutukara Associação Yanomami, publicada nesta sexta-feira (26).
A área devastada na Terra Indígena Yanomami já ultrapassou 5 mil hectares. Apesar disso, a taxa de crescimento do garimpo diminuiu significativamente, já que nos anos de 2022 e 2021, o crescimento foi de 54%.
Mesmo um ano após o governo federal declarar a situação de emergência e começar a expulsar invasores da terra indígena, os povos Yanomami continuam sofrendo com baixa cobertura vacinal, com mortes por doenças tratáveis, além da intimidação dos profissionais de saúde por organizações criminosas, dificultando o atendimento aos indígenas.
Entre crianças de 1 a 4 anos de idade, a cobertura vacinal não atingiu 50%.
O líder Yanomami Davi Kopenawa cobra atuação das autoridades contra os garimpeiros.
Os Yanomami pedem que o governo retome as operações de desintrusão de garimpeiros, elabore um plano de proteção territorial completo e viabilize que comunidades indígenas tenham a opção de se mudar das áreas mais afetadas pela presença dos invasores.
308 indígenas morreram em 2023 na Terra Yanomami, pelo menos 7 deles por armas de fogo de garimpeiros.
A nota técnica aponta que até 80% dos invasores da terra indígena foram retirados no 1º semestre de 2023. Mas no segundo semestre ocorreu o retorno de invasores.
Davi Kopenawa reforça que o desejo de seu povo é pelo fim do garimpo.
O garimpo ilegal passou a usar pistas de vôo no território venezuelano, que faz fronteira com a Terra Indígena Yanomami. Além de mudarem pontos de exploração, os garimpeiros recuperaram áreas que haviam sido destruídas pelas forças de segurança.
No começo de janeiro, o presidente Lula anunciou a criação de uma estrutura permanente em Roraima para coordenar as ações direcionadas aos yanomami, frente as críticas à falta de comando dos órgãos federais.
Balanço do Ibama aponta que em 2023 foram feitas 205 vistorias em pistas de pouso na terra indígena pela Força Tarefa do governo federal. Foram interditadas 34 aeronaves, 362 acampamentos e 32 balsas.
O Ministério da Saúde informou que investiu mais de R$ 220 milhões para reestruturar o acesso à saúde dos indígenas da região Yanomami, um valor 122% mais alto do que em 2022, no último governo.