82% dos municípios apresentaram estratégias para a oferta de aulas e conteúdos pedagógicos de forma remota durante a pandemia. O resultado foi apresentado pela pesquisa “A Educação Não Pode Esperar” desenvolvida pelo Instituto Rui Barbosa, órgão de apoio aos tribunais de contas, e pelo centro de pesquisa IEDE - Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional.
Muitos municípios afirmaram não realizar nenhum planejamento para aulas online por causa das dificuldades de alunos, que não teriam acesso à internet, computadores e meios para vídeo aulas de forma remota. Além disso, alguns municípios relataram não ter recursos para investir nesses processos.
O risco é que a desigualdade do país aprofunde o descompasso do ensino durante a pandemia, afetando diretamente o direito à educação previsto na Constituição Federal.
Cezar Miola, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul e presidente do Comitê Técnico da Educação do Instituto Rui Barbosa, afirma que a pandemia trouxe um grande impacto para a educação brasileira.
Enquanto isso, outras redes de ensino investiram nas ferramentas de aulas ao vivo, com utilização massiva de ferramentas de mensagens, principalmente o Whatsapp.
A oferta de conteúdo também varia em relação a fase educacional. Enquanto no ensino infantil o envio de conteúdos pelo sistema escolar se dá semanalmente, no ensino fundamental e médio a oferta ocorre quinzenalmente.
Ernesto Faria, diretor-fundador do IEDE e coordenador da pesquisa, afirma que para o ensino ser efetivo é preciso que as escolas estejam preparadas.
Outro ponto que é destaque na pesquisa é a baixa preparação dos professores para o desenvolvimento de atividades a distância, com apenas 39% das redes de ensino ofertando essa formação.
A preparação para o retorno as atividades presenciais é uma preocupação para 84% das escolas. Nesse retorno, que pode prever a continuidade de algumas atividades a distância, uma grande preocupação será o abandono escolar e o desnível entre estudantes, dependendo de uma ação ainda mais planejada da rede pública de ensino.
Ernesto Faria fala sobre a necessidade das secretarias de educação planejarem ações que garantam a continuidade dos jovens nas escolas.
Segundo a pesquisa, 79% das secretarias de educação já possuem alguma estratégia para evitar o abandono e 82% para fazer um diagnóstico sobre como suprir a defasagem.
A preocupação com uma ampliação do financiamento da educação é ainda maior para o conselheiro Cezar Miola. O debate no Congresso Nacional sobre o novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica, o FUNDEB, passa a ser essencial no contexto da pandemia.
A pesquisa “A Educação não pode esperar” foi realizada por amostra em 232 redes de ensino municipais e 17 estaduais em todas as regiões do país.