No dia 17 de fevereiro de 2018, após um período de forte chuva na região de Barcarena, no Pará, a cerca de 36 quilômetros de Belém, onde está situada a refinaria de alumina norueguesa Hydro Alunorte, moradores de comunidade próximas ao empreendimento entraram em pânico com o barro e a água turva que vinham da área.
Moradora da região, Ângela Vieira, relata o que viu há um ano.
Após a ocorrência, o Ibama embargou o depósito e a tubulação de drenagem de resíduos da refinaria Hydro Alunorte e multou a empresa em R$ 20 milhões.
Diretor de operações da Hydro, Carlos Neves afirma que o que vazou foi água da chuva e que os depósitos de resíduos foram destinados para áreas de tratamento. Ele cita laudo da Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba.
A Hydro afirma que várias investigações, inclusive do Ibama, concluíram que não houve vazamento ou transbordamento dos depósitos de resíduos de bauxita da Alunorte.
No entanto, relatório final do Comitê do Governo Federal formado para analisar o caso, composto pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo próprio Ibama, aponta que há evidências suficientes que indicam para a contaminação crônica de alumínio dos mananciais de Barcarena.
O documento informa que a contaminação é ampliada quando ocorre liberação de efluentes não tratados. Acrescenta que a água tratada está contaminada com alumínio, chumbo e selênio.
Em outubro do ano passado a Hydro Alunorte assinou Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) com governo do Pará e os ministérios públicos Federal e Estadual, em que se comprometeu a tomar medidas para reduzir os impactos do lançamento de efluentes como, por exemplo, o atendimento emergencial às comunidades, com o fornecimento de água e o pagamento de R$670,00, por unidade familiar, que comprovadamente residisse na área na época do evento.
De acordo com o diretor de operação da Hydro, os compromissos assumidos no TAC vão além do que é responsabilidade da própria empresa. Carlos Neves destaca os valores que serão investidos na comunidade.
O procurador da República Ricardo Negrini disse que o foco, neste momento, é garantir atendimento as comunidades atingidas.
Cerca de 5 mil pessoas recebem o auxílio financeiro. Segundo Ângela Vieira, mais de 17 mil pessoas foram cadastradas. Ela mora na Vila Nova Barcarena e destaca que a população está desassistida e com medo.
A empresa afirmou que estuda ampliar o número de assistidos.
Após o acidente, por decisão judicial, a Hydro passou a operar com apenas 50% da produção.
Este ano, a Secretaria de Meio Ambiente do Pará emitiu uma nota técnica atestando que a Alunorte pode, com segurança, retomar operações normais e retirou o embargo à produção.