O deputado federal do PL do Rio de Janeiro, Alexandre Ramagem, foi um dos alvos da Operação Vigilância Aproximada, da Polícia Federal, nesta quinta-feira (25). A PF investiga uma organização criminosa que espionava de forma ilegal autoridades e outras pessoas “numa estrutura paralela” na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ramagem comandou a Agência no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Os policiais fizeram buscas no gabinete e no apartamento funcional da Câmara dos Deputados. A PF cumpriu 21 mandados de busca e apreensão em Brasília, Juiz de Fora e São João Del Rei, em Minas Gerais,e no Rio de Janeiro. Sete policiais federais envolvidos no caso foram afastados.
Segundo a PF, os suspeitos faziam o monitoramento das pessoas com ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis, como celulares e tablets, sem autorização judicial. Além disso, produziam informações para uso político e midiático, ganhos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal.
Após evento em Brasília, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou não conhecer o inquérito, a decisão, nem quantas pessoas foram espionadas. Mas disse ser uma investigação de altíssima relevância.
Dino defendeu o uso do procedimento legal para invasão de comunicações telefônicas.
Para o ministro, é preciso preservar a privacidade.
A reportagem aguarda posicionamento da defesa de Alexandre Ramagem, que é do Partido Liberal.
Pelas redes sociais, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que a operação da PF contra Ramagem é pura perseguição por causa de Bolsonaro. Valdemar afirmou ainda que "esse negócio de ficar entrando nos gabinetes é uma falta de autoridade do Congresso Nacional" e Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso, deveria reagir e tomar providências.
O presidente do Congresso e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), rebateu o presidente do PL. Em nota, Pacheco disse ser difícil manter algum tipo de diálogo com quem defende publicamente impeachment de ministro do Supremo para iludir seus adeptos, mas, nos bastidores, passa pano quando trata do tema. Pacheco criticou ainda quem faz da política um exercício único para obter ganhos com o fundo eleitoral.