Produtores rurais atingidos por barragem do Fundão ainda lutam para recuperar atividade
O rompimento da barragem da Samarco, Vale e BHP, em Mariana, prejudicou centenas de propriedades rurais às margens dos rios Doce e Gualaxo do Norte.
Os moradores atingidos viram as produções reduzirem ou pararem por causa da lama.
Quatro anos após o rompimento, a Fundação Renova, financiada pelas mineradoras para reparar os danos causados pelos rejeitos, afirma que desenvolve ações em 235 propriedades rurais para garantir a retomada das atividades.
Um dos beneficiados é o agricultor Valdir Pollack, de 73 anos, que perdeu o cultivo de mel que mantinha, além de ter sido prejudicado na horta e na criação de animais.
A Fundação Renova construiu uma casa para a produção do mel, mas o agricultor ainda aguarda os equipamentos para retomar a atividade. Outras pessoas, contudo, não receberam qualquer reparação.
Marlene Arlinda de Souza, moradora do município de Barra Longa, criava cabra com o pai e precisou deixar a propriedade após a chegada da lama. Ela conta que a Fundação Renova visita a família, mas até agora não recebeu qualquer apoio.
Uma das atividades econômicas da região é a produção de leite. O ex-presidente da Associação dos Produtores de Leite de Águas Claras e Região, Marino D'ângelo Reis, conta que metade das 120 famílias associadas teve as propriedades atingidas pela lama, o que derrubou a produção de 10 mil litros, para 4,5 mil litros de leite por dia. Marino reclama que a assistência técnica oferecida pela Fundação Renova atende poucas pessoas.
Por meio de nota, a Fundação Renova afirma que acompanha alguns produtores de leite da associação da região e que o programa de apoio aos produtores rurais foi elaborado pela Secretaria de Agricultura do Estado.
A instituição responsável por reparar os danos causados pelo rompimento da barragem afirma que as ações ocorrem desde 2017 e que novas atividades serão desenvolvidas até 2021. Já a assistência técnica e rural devem ser oferecida até 2023.