Apenas 44% dos assassinatos ocorridos em 2018 no Brasil foram esclarecidos. É o que aponta a pesquisa"Onde Mora a Impunidade", do Instituto Sou da Paz, divulgada nesta quarta-feira, com base em informações de 17 estados brasileiros.
O Paraná tem a menor taxa de esclarecimento de homicídios: 12%. O Rio de Janeiro, que ficou em último no ranking em 2020, passou de 11% para 14%; seguido da Bahia, que subiu de 4%, na segunda edição da pesquisa, para 22%.
Para o gerente de Advocacy do Instituto Sou da Paz, Felippe Angeli, as baixas taxas de solução desse tipo de crime no país são resultado da não priorização do problema pelas autoridades. Ele cita como reflexo disso que apenas 10% da população prisional está sendo condenada ou acusada por crime de homícidio.
Felippe Angeli avalia que é preciso haver colaboração federativa na implementação das políticas de segurança para mudar esse quadro.
Para quem perdeu um familiar, a demora em receber respostas aumenta ainda mais a dor. É o caso de Isimar de Jesus, mãe de Victor Hugo de Jesus, de 17 anos, morto em uma ação policial em 2018, junto com o amigo Vitor Oliveira, de 18 anos, em São João de Meriti, na baixada fluminense. Passados mais de três anos, as mortes dos dois jovens ainda não foram esclarecidas.
No topo do ranking dos estados com maiores percentuais de esclarecimento de homicídios está Mato Grosso do Sul, com 89%, seguido de Santa Catarina, com 83% e o Distrito Federal, com 81%.
A capital federal piorou o percentual em relação à última edição da pesquisa, quando apresentou taxa de 91%.
De acordo com o estudo, dez estados brasileiros não foram capazes de informar quantos homicídios esclareceram.
As informações sobre as ações penais de homicídios dolosos, quando há intenção de matar, foram solicitadas aos Ministérios Públicos e aos Tribunais de Justiça das 27 unidades federativas por meio da Lei de Acesso à Informação. Os dados desta pesquisa são de crimes ocorridos em 2018 e esclarecidos até 2019.