Comércio informal lota ruas de Paraty por causa da Flip
Se dentro das tendas da Feira Literária Internacional de Paraty (Flip) as atenções estão voltadas para os autores no palco, do lado de fora, fica difícil deter o olhar com tantas atrações nas ruas do centro da cidade. A variedade impressiona: artistas itinerantes, cordelistas, tarólogos, artesãos, quituteiras, músicos e artistas de rua, pintores e índios de diferentes partes do Brasil mostram suas habilidades. As noites frias de Paraty não desanimam os visitantes que permanecem nas ruas, nos bares e restaurantes após as programações da Flip. E é nessa hora que o comércio informal ocupa as estreitas calçadas de pedras coloniais.
O integrante da etnia Xucuru Kariri, de Palmeira dos Índios, em Alagoas, Sarapó Wakanan, veio à Paraty pela primeira vez para expor o artesanato feito em sua aldeia. “Esta venda é uma forma de divulgarmos nossa cultura, reafirmarmos nossa existência e também uma forma de sobrevivência da aldeia”, contou.
Ele contou que várias pessoas o abordaram para perguntar se era índio de verdade. “Porque eu estava vestido. Já se passaram 500 anos e não ficamos mais pelados. Não deixaremos de ser índio por causa disso, pois índio não está na roupa, está no conhecimento, na vivência e nos costumes”, contou ele.
O artista pernambucano de cordel Edmilson Santini usa do repente para atrair seu público." Você sabe o que é rima? Rima é como estou contando, um versinho embaixo, outro em cima e a gente vai arranjando. Nisso já tem poesia, poesia que daria boa rima com beleza, daí se forma um poema que desenvolve o tema e agora por gentileza vejam este pequeno folheto em minha mão, é folheto de cordel escrito em bom papel, na capa ilustração", canta. Autor de mais de 70 obras, ele costuma vir a Paraty durante a Flip. Segundo ele a feira é uma vitrine para o seu trabalho. Com sua lábia e rima, fica difícil não comprar pelo menos um cordel, que é vendido a R$ 4. “Mas se quiser, faço três por R$10, aí funciona a matemática”, explicou o artista.
O artesão Marcos dos Santos, conta que as vendas são intensas até a madrugada. “A cidade não para. Durmo tarde e acordo cedo para aproveitar ao máximo. Descansar, só quando acabar a Flip”, contou ele que faz brincos e colares artesanais.