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Jornalismo que investiga abusos do poder do Estado é destaque na Flip

Flávia Villela - Enviada Especial
Publicado em 02/08/2014 - 11:47
Paraty (RJ)

O jornalismo combativo e investigativo na luta contra os abusos do poder do Estado é destaque da Feira Internacional de Literatura de Paraty (Flip) neste sábado (2). A mesa que abre o quarto dia do evento, “Liberdade, liberdade”, terá os jornalistas norte-americanos Charles Ferguson e Glenn Greenwald.

Ferguson fez um documentário sobre crise financeira de 2008, que virou livro (Trabalho Interno), e Greenwald ficou famoso mundialmente após revelar as denúncias feitas pelo ex-agente da CIA Edward Snowden sobre a espionagem de cidadãos e países feita pelos Estados Unidos por meio da internet.

Às 21h, os jornalistas David Carr e Graciela Mochkofsky falam do trabalho que desenvolveram sobre as relações entre a imprensa e interesses privados. Carr fez o documentário Page One – Inside the New York Times, sobre os bastidores do jornal nova-iorquino. Graciela escreveu um livro sobre o embate entre o casal Kirshner e o grupo Clarín, dono de jornais e revistas na Argentina, seu país de origem.

A partir das 17h, o segundo encontro sobre questão indígena do evento reúne o antropólogo Beto Ricardo e um ativista da causa yanomami e o antropólogo Eduardo Viveiro de Castro, indigenista e autor de vários livros sobre o pensamento ameríndio. A presença sobre a presença e o futuro dos índios no Brasil será destaque da mesa.

Ontem (1º), no primeiro encontro dedicado aos índios e à Amazônia , o líder indígena Davi Kopeawa criticou a destruição causada pelo homem da cidade, as invasões de terras indígenas por parte de garimpeiros, camponeses, que, segundo ele, tem a conivência do governo.

Kopeawa e a fotógrafa suíça Claudia Andujar, que fez um trabalho de saúde preventiva em terras yanomami na década de 70 em Roraima, falaram de aspectos da cultura desse povo e defenderam sua preservação. A fotógrafa contou que, após perder quase toda a família, morta pelos nazistas, saiu pelo mundo em busca de sua identidade, que encontrou no Brasil, entre os índios com quem viveu por mais de seis anos.

Na noite de ontem, no circuito alternativo, a ditadura militar no Brasil foi abordada por dois filhos que perderam seus pais. O engenheiro Ivo Herzog e o escritor Marcelo Rubens Paiva defenderam a educação e o fortalecimento da memória deste período para prevenir mais mortes cometidas pelo Estado no país.

Mais cedo, na primeira mesa do dia, amigos e parceiros de Millôr Fernandes lembraram a genialidade do homenageado da Flip e exaltaram sua coragem para desafiar o regime militar.