Congresso Brasileiro de Cinema faz assembleia geral no Festival de Brasília
O diálogo entre diferentes atores e a sociedade foi um dos pontos de destaque do balanço feito pela organização do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que termina hoje (23). Os participantes da coletiva destacaram que o evento é um importante espaço para debate e avaliação do setor audiovisual brasileiro e brasiliense.
O coordenador-geral do festival, Miguel Ribeiro, destacou a variedade de temas abordados e o público presente durante toda a semana. “Conseguimos realizar debates importantes aqui. Não só trazer a Agência Nacional de Cinema (Ancine), que foi importante para divulgar as políticas e esclarecer sobre o [projeto] Brasil de Todas as Telas, mas também retomar diálogos importantes com o Congresso Brasileiro de Cinema (CBC)”.
A diretora do CBC, Carla Osório, conta que no dia 20 deste mês, durante o festival, 30 entidades representativas do setor, de todo o país, se reuniram para a realização da Assembleia Geral Extraordinária do CBC. Ela acredita que realizar a reunião no âmbito do evento é essencial para discutir não só o conteúdo mas também questões como produção e distribuição em um cenário de novas ações governamentais anunciadas para a área. “É um momento de encontro de realizadores, produtores, de toda a cadeia produtiva e nada mais sábio que chamar a sociedade civil organizada para debater o momento do audiovisual”.
As 30 entidades reunidas em assembleia elaboraram uma carta, com o resultado dos debates. Os avanços alcançados pela produção nacional são representativos mas, segundo Carla, ainda é preciso rever diversas questões como, por exemplo, a regionalização. O documento da CBC pede o cumprimento desse critério para alavancar o setor nas diversas regiões do país. O tema chegou a ser debatido em seminários sobre o projeto Brasil de Todas as Telas.
Um dos destaques importantes lembrados por Carla tem relação com a exibição da produção nacional. A CBC acredita que o cinema brasileiro precisa de mais espaço nas salas espalhadas pelo país.“O sistema de cotas é uma ação afirmativa que vai tentar um equilíbrio para o que está indo para o mercado. A cota do filme brasileiro no circuito exibidor hoje, é de 28 a 63 [dias] por ano. A gente considera baixa. É necessário rever a cota na tela do cinema”. A diretora acredita que a população precisa ter mais contato com diferentes opções de filmes exibidos. Ao ter mais títulos nacionais nas salas, o público poderá escolher entre assistir a uma obra brasileira ou estrangeira. “A produção aumentou muito e a gente precisa escoar isso”.
A carta agora, será debatida com a sociedade e também com o estado para que a discussão avance cada vez mais. “Foi um excelente festival. O grande mérito é o encontro. Boa parte do que estamos fazendo é analisar o momento em que estamos. Isso é muito rico e só em ambientes como o festival isso é possível de acontecer”, ressalta a diretora do CBC.