Terreiro Roça do Ventura é tombado como Patrimônio Cultural do país
O Terreiro Zogbodo Male Bogun Seja, também conhecido como Roça do Ventura, localizado em Cachoeira, na Bahia, passou a ser considerado hoje (4) Patrimônio Cultural do Brasil. Ele foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O Roça do Ventura é sétimo terreiro no Brasil e o sexto na Bahia a receber o reconhecimento e, a partir de agora, está sob proteção legal.
"O terreiro tem uma particularidade, apresenta com clareza a distribuição das funções rituais no terreno natural, coisa que os terreiros urbanos perderam muito. Os terreiros em geral têm imenso valor, mas foram sendo apertados pelas construções e perderam espaço", disse a presidenta do Iphan, Jurema Machado. "O tombamento, além de proteger a integridade do imóvel, garante que ele não seja invadido ou o espaço seja ocupado", acrescentou.
Segundo o Iphan, o Terreiro Zogbodo Male Bogun Seja Unde é responsável pela preservação de umas das tradições religiosas de matriz africana, da liturgia do candomblé de nação Jeje-Mahi, originária nos cultos às divindades chamadas Vodum. O Seja Unde tem fundamental importância na conformação da rede de terreiros do Recôncavo Baiano e sobretudo para a formação do candomblé como uma instituição religiosa.
A solicitação para o tombamento da casa de candomblé matricial de tradição Jeje-Mahi foi feita pela presidenta da Sociedade Religiosa Zogbodo Male Bogun Seja Unde, Alaíde Augusta da Conceição, a veneranda vodunce Alaíde de Oyá, em dezembro de 2008. Estudos e avaliações feitas pelos técnicos do Iphan ressaltam que as ações de proteção à casa de candomblé são necessárias em função do risco provocado pela especulação imobiliária.
Além do Roça do Ventura, são tombados o Terreiro da Casa Branca, Terreiro de Candomblé do Bate-Folha Manso Banduquenqué, Terreiro do Alaketo, Ilê Maroiá Láji, Terreiro do Axé Opô Afonjá, Terreiro do Gantois - Ilê Iyá Omim Axé Yiamassé, todos em Salvador, e o Terreiro Casa das Minas Jeje, em São Luís (MA).
Os tombamentos foram decididos na 77ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio do Iphan. Foram tombados ainda a Coleção Geyer, do Museu Imperial de Petrópolis (RJ), e o acervo do Museu de Artes e Ofícios de Belo Horizonte.
A Coleção Geyer é uma das maiores coleções de origem particular de desenhos, pinturas, gravuras, litografias, mapas, álbuns e livros de viagem sobre o Brasil. O acervo de quase 3 mil peças, reunidas ao longo de 40 anos na residência dos Geyer, inclui móveis, louças, objetos de decoração e prataria. O conjunto é considerado a maior coleção de brasilianas em mãos particulares.
Já o acervo do Museu de Artes e Ofícios, originado da coleção de Flávio e Ângela Gutierrez, reúne ferramentas que se tornaram símbolos do empenho da classe trabalhadora no processo de crescimento do Brasil. Os bens registram práticas que podem ser consideradas parte de uma importante documentação histórica de grande valor nacional.