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Marchinha de carnaval passa ser patrimônio imaterial do Rio

O decreto da prefeitura foi publicado na edição desta sexta-feira do
Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 06/02/2015 - 18:22
Rio de Janeiro
A Banda de Ipanema, tradicional bloco carnavalesco da zona sul do Rio de Janeiro, completa 50 anos neste carnaval, com ensaio aberto na Praça General Osório, em Ipanema (Tânia Regô/Agência Brasil)
© Tania Rego

Pela relevância do gênero musical nascido na cidade do Rio de Janeiro, que se popularizou em todo o país, e por causa do legado musical dos artistas que contribuíram para a construção da identidade carioca e nacional, a partir de hoje (6), a marchinha de carnaval é considerada Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial.

O decreto da prefeitura com a declaração foi publicado na edição desta sexta-feira do Diário Oficial do Município. O texto cita também a necessidade de “preservar a memória da cultura carioca por meio do registro de seus bens de natureza imaterial.”

O presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), Washington Fajardo, disse que a declaração é um reconhecimento formal, importante para fortalecer a identidade cultural da sociedade, já que o gênero musical, segundo ele, é o mais característico do carnaval carioca e é cantado em qualquer lugar do país.

“A marchinha já é um gênero popularmente consagrado. O reconhecimento é importante para reforçar a visibilidade desse bem cultural, pois, a partir do reconhecimento, é possível ter linhas de pesquisa ou de projetos culturais que têm nesse reconhecimento como patrimônio um apoio, É um reforço de valor simbólico”, ressaltou.

De acordo com Fajardo, na prática, o decreto ajuda na difusão de editais para projetos culturais e pesquisas sobre acervos. “Tem impacto nessa vida de investigação intelectual sobre isso”, acrescentou o presidente do IRPH. Fajardo diz que a marchinha é uma expressão viva, com concursos ainda ocorrendo todos os anos, e faz parte do patrimônio imaterial que ele chama de “invenções da civilização carioca”.

“Criamos uma forma de expressão, um modo de ser, um modo de agir, práticas na vida urbana", enfatizou. Para ele, é importante frisar isso, porque outras formas de expressão, como o jongo e o samba, que têm vinculação com o rancho, estão em um contexto periurbano, urbano mas em relação a uma vida rural. A marchinha é um gênero do século 20, do Rio urbano, da metrópole. Essa é a peculiaridade dela.”

A cidade do Rio de Janeiro tem 56 bens imateriais reconhecidos pelo município, entre eles o samba, as escolas de samba, o choro, o jongo, a bossa nova, os blocos Cordão da Bola Preta e Cacique de Ramos, a obra literária de Machado de Assis, o Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, os vendedores de mate e biscoitos de polvilho das praias cariocas e as festas de Iemanjá.