Jovens da Baixada Fluminense participam de Festival de Circo Social na Itália
Jorge Luiz da Silva Neto, de 17 anos, treina acrobacia, malabares e anda de perna de pau. Matheus dos Santos Rodrigues, o Masaro, de 19 anos, está se aperfeiçoando nas técnicas de tecido, acrobacia de solo, perna de pau e malabares. Os dois são alunos do Circo-Escola Benjamim de Oliveira, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e vão representar o Brasil no segundo Circomondo – Festival Internacional de Circo Social, em San Gimignano, na Itália.
Eles embarcam amanhã (20) para participar de palestras, oficinas, workshops, exibição de filmes e desfiles pelas ruas, além do espetáculo de encerramento, que será montado durante os dias do festival, que termina dia 28. Únicos representantes da América no Circomondo, os jovens estão ansiosos para a troca de experiência com artistas do Afeganistão, do Quênia, do Líbano, da Espanha e da Itália.
“Estou ansioso e nervoso. Eu quero mesmo é trocar experiência, ensinar o que eu sei e aprender o que eles sabem. O que eles fazem é quase a mesma coisa que a gente, porque é tudo circo social. Eu acho que tenho nível para trocar experiência com eles”, diz Jorge Neto.
Masaro destaca que o circo, apesar de ser uma arte universal, tem suas particularidades regionais. “Por mais que seja uma arte universal, ela é desenvolvida de formas diferentes. Então, eu estou nessa expectativa de trocar com eles as técnicas, o modo de efetuar a técnica. Conhecer outras culturas para mim é muito importante e [também quero] ver como essa metodologia de circo social é desenvolvida em outros lugares.”
Segundo o secretário executivo da organização não governamental (ONG) Se Essa Rua Fosse Minha, responsável pelo circo-escola, César Marques, foram selecionados alunos que tenham, além de habilidade e técnica, comprometimento em repassar para os colegas o conhecimento adquirido no festival. “Isso gera mais expectativa, mais interesse nos outros [alunos], abrindo-se uma possibilidade real de intercâmbio cultural, de aumentar o capital cultural, e até uma alternativa real para quem pretende seguir carreira. Tem toda uma experiência de formação que eles trazem para remontar coisas por aqui, principalmente a ideia de abrir janelas e criar uma possibilidade para quem está na Baixada – que tem poucas alternativas culturais, profissionais – ver que se abre um mundo de possibilidades.”
Para Masaro, o convite para ir à Itália foi um divisor de águas na carreira. Ele é ator, arte-educador e artista circense. “Eu pretendo trabalhar o circo social em outros lugares, porque tem muitos países que não têm o circo social e têm muita carência de trabalhar o social. Pretendo me especializar na Escola Nacional de Circo, da Funarte [Fundação Nacional de Artes], trabalhando junto com o Se Essa Rua Fosse Minha, para depois difundir isso mais longe.”
De acordo com César Marques, a metodologia do circo social foi implantada no Rio de Janeiro em 1992, em uma parceira entre a ONG e a Intrépida Trupe, trabalho reconhecido internacionalmente por usar o conceito do circo como uma atividade pedagógica e uma maneira de pensar a cidadania a partir da arte.
Dois jovens do Rio vão representar o Brasil no Circomondo