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Bienal Internacional do Livro homenageia Maurício de Sousa

Uma exposição em área de 190 metros quadrados contará a história de
Alana Gandra e Paulo Virgilio - Repórteres da Agência Brasil
Publicado em 03/09/2015 - 07:33
Rio de Janeiro
gibi do Mauricio de Souza, personagens com HIV/AIDS.
© Valter Campanato/

O desenhista Maurício de Sousa

O desenhista Maurício de Sousa é o homenageado da 17ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiroagenciabrasil_valter_campanato.jpg

O desenhista Maurício de Sousa, criador da Turma da Mônica, que completa em outubro deste ano 80 anos de idade, é o homenageado na 17ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, que começa hoje (3) no Riocentro, em Jacarepaguá, zona oeste da cidade. Uma exposição em área de 190 metros quadrados (m²) contará a história de Sousa, que receberá na Bienal o Prêmio José Olympio, do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel). Em 1959, o desenhista criou seu primeiro personagem, o cãozinho Bidu. Depois, vieram Cebolinha, Cascão, Mônica, Magali entre outros. Em 1970, lançou a revista Mônica.

“O maior orgulho de um autor é estar próximo de seus leitores e receber aquela energia para continuar a criar ideias e histórias”, disse Sousa, em entrevista à Agência Brasil. Acrescentou que se sente honrado em ser homenageado em um evento maior como a Bienal do Livro do Rio.

Primeiro desenhista de histórias em quadrinhos do mundo a entrar em uma academia de letras (a Academia Paulista de Letras), o cartunista afirmou que estar em contato com escritores do quilate de uma Lygia Fagundes Telles, um José Goldemberg e um Paulo Bomfim, entre outros, é um presente. "É o reconhecimento de que as histórias em quadrinhos têm uma contribuição importante para o estímulo à leitura das crianças, engrandece a linguagem, onde palavra e desenho se unem perfeitamente”.

Para o jovem que está começando nessa carreira, recomendou que deve fazer o que gosta e ser esforçado. Essa “é a base para tudo dar certo”.

A Maurício de Sousa Produções já publicou mais de 1 bilhão de revistas pelo mundo. Sousa destacou, entretanto, que o mais importante foi manter um “público constante nesses 55 anos de trabalho”. Atualmente, o Brasil, por meio das publicações ou animações do desenhista, está presente em cerca de 30 países. “Estive há alguns meses na Coreia do Sul e no Japão, onde estamos acertando publicações e nossos produtos nas lojas por lá”, informou.

Os conteúdos da Turma da Mônica estão também disponíveis nos livros didáticos no Brasil. No ano passado, foram mais de 520 livros, em 58 editoras diferentes. Segundo Sousa, a cada ano, esse número cresce. “Além de livros publicados por várias editoras, temos nossos desenhos em livros didáticos que somam esses números gigantes. Isso demonstra que estamos no caminho certo nas propostas editoriais e na diversidade de títulos que produzimos”.
 

Planos

Sobre os planos para 2016, o desenhista disse que são muitos, “(não os infalíveis do Cebolinha) com as séries das graphic novels MSP (projeto que consiste em histórias dos personagens do estúdio feitas por artistas brasileiros consagrados e com estilos diferentes do padrão das revistas mensais), que estão fazendo grande sucesso de público e crítica”. Ele informou que está em criação, para lançamento em três ou quatro anos, a Turma da Mônica Adulta. Os mesmos personagens que encantam as crianças estarão com 25 anos e, a cada ano, fazendo aniversário junto com os leitores. "É uma ideia audaciosa para os quadrinhos. Mas é isso o que fazemos: criar histórias para leitores de todas as idades”.

Durante a Bienal do Rio, serão apresentados 42 lançamentos com os personagens do desenhista. Questionado se imaginava, no início da carreira, que chegaria tão longe, disse que o sucesso não se programa. "Ele acontece naturalmente se houver um trabalho bem desenvolvido e respeito ao leitor”.

Para Maurício de Sousa, os livros são matéria-prima para a formação de uma pessoa. Ele lembrou que a leitura é a melhor forma de exercitar a criação. “É participativa e educativa. Uma criança que não lê está perdendo uma experiência inesquecível”. O desenhista disse que acredita que tanto no livro impresso quanto na internet, a leitura vai sempre ter seu lugar de destaque. “Basta ver o número de títulos infantojuvenis lançados pelas editoras atualmente. Minha alegria é saber que não estou formando apenas leitores, mas também bons escritores. E com bons escritores, sempre haverá muitos leitores”.

 

Números recordes

A 17ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro vai apresentar, durante 11 dias, uma programação com novas atividades e, pelo menos, dois recordes em relação às edições anteriores. Marcarão presença no evento mais importante do mercado editorial brasileiro mais de 200 autores de diversos estilos, 27 estrangeiros.

Outro recorde é o das inscrições para a visitação escolar. Em apenas uma hora, 145 mil alunos do ensino fundamental das redes pública e particular preencheram as vagas da iniciativa que, ao longo da história da Bienal, já levou milhares de crianças e adolescentes a se aproximarem do universo literário nos corredores do Riocentro.

Para fomentar o interesse pela leitura, os estudantes da rede pública recebem, ao chegar ao evento, uma “nota bienal” no valor de R$ 5,50, que poderá ser trocada por um livro no mesmo valor. O projeto possibilita aos inscritos a oportunidade de pesquisar, adquirir títulos, manusear exemplares e criar uma rede de trocas entre colegas após a leitura.

Este ano, serão novamente 950 expositores, ocupando uma área total de 80 mil m², 25 mil a mais do que na edição anterior. De acordo com a previsão do Snel, organizador do evento juntamente com a empresa Fagga, mais de mil títulos serão lançados e cerca de 2,5 milhões de exemplares deverão ser vendidos na Bienal, que tem expectativa de faturamento de R$ 58 milhões.

A Argentina é o país homenageado nesta edição do evento. A delegação de escritores do país vizinho é composta por nomes como Martín Kohan, Tamara Kamenszain, Eduardo Sacheri, Claudia Piñeiro, Mariana Enríquez, Sergio Olguín, Luciano Saracino, o cartunista Tute e o crítico literário Noé Jitrik.

A lista de autores internacionais abrange ainda o britânico David Nichols, os norte-americanos Julia Quinn, Leigh Bardugo, Raymond E. Feist, Collen Hoover e Jeff Kinney, o francês Jacques Leenhardt, organizador de uma edição especial de Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, de Debret, e o português Pedro Chagas Freitas. Brasileiros ou estrangeiros, os autores vão entrar em contato direto com seu público em ambientes informais como o Café Literário, Cubovoxes, a Conexão Jovem, o Encontro com Autores e SarALL.

O SarALL é uma novidade para incrementar ainda mais a diversidade de públicos e conteúdos da Bienal. O evento, que ocorre de sexta-feira (4) a domingo (6), é feito em conjunto com a Flupp – a Festa Literária das Periferias. O ambiente vai reunir poetas e grupos originários de diferentes regiões do país para trocar experiências e manter viva a tradição poética oral, em interação com a plateia, que terá microfone à disposição.

Para os pequenos leitores, a 17ª Bienal terá duas atrações inéditas. No Bamboleio, as crianças participarão de brincadeiras que envolvem culturas de todos os países – aprendendo, assim, a importância de conviver com as diferenças. Uma arena montada na parte central do espaço infantil será palco das batalhas dos primeiros Jogos Literários da Bienal. As crianças e suas famílias serão convidadas a participar, durante os 11 dias do evento, de disputas que envolvem soletração, adivinhação de sinônimos e antônimos e brincadeiras, sempre conduzidas por atores circenses.

A programação oficial completa pode ser consultada no site da Bienal na internet  .