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Cariocas se reúnem contra cobrança de ingresso do Parque Lage

Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil e Rádios EBC
Publicado em 10/01/2016 - 17:20
Rio de Janeiro

© Tânia Rêgo/Agência Brasil
Rio de Janeiro - Grupo de alunos, professores, funcionários, artistas e visitantes se reúnem na EAV (Escola de Artes Visuais), no Parque Lage para discutir o futuro da escola e do parque (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Rio de Janeiro -  Os apoiadores defendem que o governo retome os pagamentos, mas discutem soluções emergenciais para a EAV e o parque, como ajuda da prefeitura Tânia Rêgo/Agência Brasil

Um grupo de alunos, professores, funcionários, artistas e visitantes do Parque Lage, no Rio de Janeiro, se reuniram hoje (10) para pensar soluções e evitar a suspensão de cursos gratuitos da Escola de Artes Visuais (EAV) que funciona no local.  A organização social privada que administra a escola colocou funcionários em aviso-prévio no mês de dezembro, e estuda cobrar entrada para o parque, por causa do atraso nos repasses do governo nos últimos sete meses.

Em uma descontraída ocupação do casarão que é sede da escola e símbolo do parque, aos pés do Corcovado, eles cozinharam, fizeram intervenções e conversaram sobre a possibilidade de a falta de recursos minar um dos principais projetos: os cursos gratuitos de arte contemporânea. Atualmente, 120 bolsistas frequentam o programa da EAV, depois de aprovados em seleção.

Cursos gratuitos

Referência nacional para as artes, os cursos gratuitos são uma forma de tornar a cultura e arte mais acessível. Desde que o programa de bolsas foi criado, professores e alunos reconhecem que o perfil de frequentadores se diversificou. “Esses cursos geram oportunidades para os alunos de fora da zona sul (área mais rica do Rio) e que não teriam condições de pagar. Temos que ampliar esses cursos em vez de reduzi-los”, disse o professor Domingos Guimarães.

Os apoiadores defendem que o governo retome os pagamentos, mas discutem soluções emergenciais para a EAV e o parque, como ajuda da prefeitura, que acaba de municipalizar hospitais estaduais em crise. Nos últimos meses, para arcar com os custos, shows e eventos foram realizados.  A cobrança de ingressos na porta é o que menos agrada.

Frequentadores do parque – que tem parquinho para crianças, gruta e trilhas para o Cristo Redentor, à disposição dos mais aventureiros – também são contra a cobrança. Para as famílias, o ingresso, que pode chegar a R$ 7, somado ao transporte tornaria o programa inacessível.

“A gente já paga as taxas e os impostos. Com o aumento das passagens, que acabaram de subir para R$ 3,80, não vai dar mais para vir“, disse Ilda Regina da Costa, que aproveitava o domingo em um piquenique entre amigos. “Minha família é grande, não tem como pagar esse valor. Eu daria preferência para a Lagoa [Rodrigo de Freitas] ou para Aterro [do Flamengo]”, declarou.

Além de caro, a cobrança de ingresso restringiria os frequentadores que passariam a ser aqueles com mais dinheiro, acrescentou Lourdes Rosa. “O parque é público, precisa ter uma solução que não restrinja a entrada. Poderia se capitalizar com doações privadas, eventos e venda de alimentos”, acredita a professora, que gosta de passar horas lendo no gramado.

Por meio, da assessoria de imprensa, o governo disse que “está sendo estudada uma solução para os repasses”, mas não informou quando regularizará os pagamentos.
 



Alunos e professores se reúnem para decidir o futuro da EAV