Bate-bolas fogem da violência e ocupam novas áreas do Rio de Janeiro

Comuns nas brincadeiras de carnaval, nos subúrbios do Rio de Janeiro, os personagens de bate-bolas, com as coloridas fantasias de Clóvis chamaram a atenção na orla de Copacabana, zona sul da cidade, nesta segunda-feira (8). Curiosos tiravam fotos e turistas estrangeiros abordavam o grupo para entender as assustadoras máscaras e barulhentas bolas.
Blocos de bate-bolas, também conhecidos como Clóvis
Clown, tentava explicar um dos rapazes do grupo Os Renegados de Anchieta, criado há nove anos por amigos do bairro de mesmo nome, na zona norte do Rio. O fundador do grupo, o vendedor Carlos Fernando Santiago Filho, 31 anos, explicou que por causa da violência entre grupos de bate-bolas, eles têm evitado brincar nas zonas norte e oeste.
“Cada dia vamos para um bairro ou cidade diferente, onde tenha bloco mais tranquilo. Também curtimos Anchieta, mas fugimos das brigas, e aqui na zona sul o carnaval é mais bonito", comentou.
“Tem grupos do bem, mas também há grupos do mal, que só querem ir para guerra. E não curtimos essas brigas entre grupos”, contou o integrante mais novo do grupo, Lucas Barbosa Gomes, 16 anos.
A estudante Thuany Fernandes, 17 anos, é uma das poucas meninas no grupo. Ela diz que desde pequena era fascinada pelos bate-bolas. “Geralmente, as crianças têm medo por causa da lenda de que os bate-bolas perseguem as crianças. Mas nunca tive medo, cresci junto com eles. É amor, não sei por que gosto”, comentou. “Quando a gente chega todos param em qualquer lugar. Alguns se assustam, mas depois pedem para tirar foto”, acrescentou.
As fantasias são criadas e confeccionadas pelo próprio grupo, de cerca de 15 componentes, e demoram cerca de um ano para ficarem prontas. Os custos com as roupas totais passam de R$ 1 mil por pessoa. “Sem contar os tênis, que têm que ser lançamento, e os fogos de artifício que queimamos na saída do grupo, lá em Anchieta. No final, dá quase R$ 2 mil reais”, explica. “Por mês, pagamos uma espécie de mensalidade até dar a quantia certa para comprar o glitter, o pano, o design, a sublimação”, explica outro integrante.
O tema deste ano foi Bob Marley e o Reggae. “Ano passado foram os bruxos. Ano que vem será o esqueleto do He-man”, explica Bob. “Esse foi o tema do nosso primeiro ano, e como ano que vem completamos dez anos, vamos repetir a dose”, anunciou.
A origem dos bate-bolas remonta ao período colonial português, influência de festas europeias com máscaras e roupas de palhaços, arlequins, colombinas medievais. Historiadores acreditam que o outro nome para os bate-bolas (Clóvis) é uma variação da palavra em inglês clown, que significa palhaço - uma interpretação brasileira ao sotaque dos estrangeiros de língua inglesa ao denominar o grupo de bate-bolas.


