Centro de artesanato inaugurado no Rio pretende qualificar a atividade no país
Ocupando três prédios históricos recém-reformados na Praça Tiradentes, no centro do Rio de Janeiro, foi inaugurado hoje (10) o Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (Crab), com o objetivo de ser uma plataforma de reposicionamento e qualificação , além de ampliar a comercialização das peças brasileiras.
Segundo o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, a entidade pretende levar os trabalhos para outros pontos da cidade durante as Olimpíadas. “Queremos montar quiosques que vendam o artesanato em diferentes pontos da cidade. Para ajudar a promover o artesanato, temos que ajudar a vendê-lo”.
De acordo com Afif, a ideia de fazer o centro surgiu da disponibilidade de imóveis históricos que precisavam de investimento para serem revitalizados. “Não foram investimentos pequenos, mas valeu a pena. Artesanato é cultura, é a criatividade do povo exposta e o estrangeiro gosta muito disso. Isso passa a ser, inclusive, um grande centro de comercialização desse artesanato. Mas o mais importante é o artesanato como arte se ligando a outras artes, como as artes culinárias e o mundo artístico, até porque você tem a Estudantina aqui do lado, no velho Rio, no Rio do Centro, tudo isso é revitalizador, renasce”.
As obras de restauração duraram dois anos e custaram R$ 20 milhões. Outros R$ 20 milhões custearam o projeto conceitual e executivo, mobiliário e equipamento do centro. O espaço será aberto ao público no dia 22 de março, com a exposição Origem Vegetal: a biodiversidade transformada, que apresentará trabalhos que utilizam elementos como madeira, palha, sementes e resina como matérias-primas. São 800 peças feitas por artesãos das 27 unidades da federação que poderão ser vistas até o dia 11 de setembro, entre jogos americanos, luminárias, móveis, cestas, bolsas, talheres, joias, painéis decorativos, flores, brinquedos, tecidos, tapetes, almofadas, chapéus, mantas e esculturas. Parte do acervo também será comercializado e o local vai contar com um restaurante e um café/bistrô.
Segundo a curadora da exposição, Adélia Borges, a pesquisa feita por ela em parceria com Jair de Souza mostrou que o artesanato brasileiro tem se renovado. “Nós fizemos uma ampla pesquisa e vimos que o artesanato brasileiro está muito pujante e dinâmico, tem muita coisa. Falam que o artesanato está acabando, mas não foi o que a gente viu. Pelo contrário, tem artesanato se renovando, jovens fazendo artesanato e a gente viu muita coisa boa em todas as áreas. E viu também uma representatividade muito grande do uso da matéria-prima vegetal”.
Ela afirma que não é possível identificar uma característica única no artesanato brasileiro, mas que a inventividade percorre todo o país. “Mais do que outros países, o Brasil é o país das diversidades; então, eu não vejo uma característica única. O que eu vejo como característica que percorre o Brasil de norte a sul é a capacidade do artesão de usar a sua inteligência criativa para transformar os materiais que estão à sua volta. No sul, é a palha de trigo; no Amazonas pode ser uma borracha, mas o ato de transformar é o mesmo. A inventividade é muito forte”.
Na exposição, foram priorizados trabalhos de autoria coletiva e selecionadas cerca de 50 associações ou cooperativas artesanais rurais e urbanas e 20 etnias indígenas espalhadas pelo país. Também foram chamados artesãos empreendedores individuais e cinco mestres reconhecidos, que estarão presentes na abertura: Mônica Carvalho, do Rio de Janeiro; Tereza Kummer, da Associação Tranças da Terra de Santa Catarina; Célio Terêncio, do Amazonas; Cláudia Castelão, da empresa Flor de Xaraés de Mato Grosso do Sul, e Evanira Gonçalves, da cooperativa dos trançados Tupinambás da Bahia.
Ao todo, 52 designers contribuíram para o desenvolvimento e inovação das peças, entre eles nomes como Renato Imbroisi, Heloísa Crocco, Jum Nakao, Marcelo Rosenbaum, Paula Dib, Ronaldo Fraga e Sérgio Mattos. Érico Gondim e Rodrigo Ambrósio também assinam peças da exposição.
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