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Edital de cinema do BNDES vai financiar curtas de animação pela primeira vez

Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 09/05/2016 - 22:13
Rio de Janeiro

A indústria cinematográfica vai dispor de R$ 15 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para este ano, em recursos não reembolsáveis. O valor está previsto no Edital de Cinema 2016, divulgado hoje (9) pela instituição com uma novidade: a inclusão de curtas-metragens de animação entre os projetos contemplados.

Nesta seleção, cinco curtas receberão R$ 200 mil cada. Desde 2005, o banco apoia a realização de curtas-metragens de animação e já beneficiou séries como Peixonauta, Amigãozão e Show da Luna,  que fizeram sucesso até fora do país.

De acordo com a chefe do Departamento de Economia da Cultura do BNDES, Luciane Gorgulho, o apoio ao curta de animação responde a uma demanda do setor. “A ideia é que esses curtas sirvam não só para descobrir novos talentos, como os que têm sido premiados internacionalmente, mas também contribuindo para a formação do animador, aprender fazendo e criando, a experimentação de personagens, de novas técnicas de narrativas, focando sempre no desenvolvimento de uma propriedade intelectual, própria e brasileira”, disse.

Representantes do setor de cinema participam do lançamento do edital do BNDES para 2016

Representantes do setor de cinema participam do lançamento do edital do BNDES para 2016Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil 

Para o autor do curta Meow, Marcos Magalhães, que prêmio especial do Juri no Festival de Cannes em 1982, o curta-metragem é um produto forte e relevante que hoje está mais atual do que nunca. “A gente tem essa multiplicidade de plataformas e o que o público quer são coisas curtas, que consigam resumir em poucos minutos uma mensagem. Acho que a gente ainda está no caminho de descobrir como se explora isso”, analisou.

O integrante da diretoria do Anima Mundi César Coelho disse que os investimentos vão permitir reforçar as produções fora do eixo Rio-São Paulo. “Esses curtas não só são possibilidades da descoberta de novos talentos e novas linguagens, mas também de descoberta de novos polos de produções locais. Esse edital vai ser um passo concreto em direção a isso”.

Projetos

Os longas-metragens de animação são contemplados pelo edital desde 2013 e este ano terão dois projetos selecionados, com R$ 1,5 milhão para cassa obra.

Os demais recursos do edital do BNDES serão liberados para 15 longas-metragens de ficção, documentário, coprodução com América Latina e em fase de finalização para qualquer categoria. As inscrições podem ser feitas a partir de quarta-feira (11) até o dia até 27 de junho. O edital está disponível no site do banco.

Entre as produções que receberam recursos do BNDES em editais anteriores e se destacaram no mercado internacional está o filme Aquarius, de Kléber Mendonça Filho, que representará o Brasil no Festival de Cannes 2016. Para a chefe do Departamento de Economia da Cultura do banco, o bom desempenho das obras brasileiras no mercado externo tem reflexo importante no mercado interno com o desenvolvimento dos profissionais do setor. Em 21 anos, o edital apoiou mais de 400 filmes, em uma média de 19 obras por ano, com valor acumulado de R$ 182 milhões.

“Esse edital do BNDES tem sido ininterrupto ao longo desses anos independente de momentos econômicos e de situações de estrutura do banco. Tem longevidade e acho que isso contribuiu para a retomada do cinema brasileira e para a estabilidade”, disse Luciane.

O diretor executivo da Associação Brasileira de Produtores Independentes de Televisão (ABPITV), Mauro Garcia, disse que a manutenção de políticas públicas é fundamental para a evolução do setor. “Infelizmente no Brasil algumas políticas públicas são interrompidas. A gente vive alguns espasmos”, afirmou.

Desempenho do setor

Dados da Agência Nacional de Cinema (Ancine) mostram quem, entre 2010 e 2015, as vendas de ingressos de cinema subiram 53%. Segundo Luciane Gorgulho, entre 2008 e 2013, o setor audiovisual brasileiro cresceu, em média, 8% ao ano contra 2,8% de alta nos outros setores da economia brasileira.

“Tem sido um setor que tem dotado a economia brasileira de um dinamismo neste segmento, podendo concretizar a profecia que fazíamos há alguns anos, do audiovisual se tornar um setor economicamente relevante no Brasil, não só culturalmente. Essa profecia está se cumprindo ano a ano”.