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Festa Literária de Santa Teresa homenageia Nei Lopes e André Neves

Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 07/05/2016 - 13:42
Brasília
A tradicional e popular Feira de Livros, realizada de forma itinerante em várias praças da cidade do Rio de Janeiro, está comemorando 60 anos, com uma edição especial no Largo da Carioca (Fernando Frazão/Agência Brasil)
© Fernando Frazão/Agência Brasil

A oitava edição da Festa Literária de Santa Teresa (Flist), no bairro de mesmo nome no centro do Rio de Janeiro, ocorre no próximo fim de semana (dias 14 e 15 de maio) durante todo o dia. O evento gratuito terá 85 atrações, 162 convidados e 16 exposições permanentes que ocuparão o Centro Cultural Municipal Laurinda Santos Lobo e o Parque das Ruínas.

A curadora da Flist, Ninfa Parreiras, explica que a festa é voltada para toda a família e toda a cidade, com atrações durante o dia, sempre no horário das 10h às 18h. “É para as famílias irem com as crianças, os avós, todo mundo. Não é uma festa literária apenas para moradores de Santa Teresa, ela é uma festa literária da nossa cidade. O bacana é que ela faz todo um envolvimento das instituições que existem em Santa Teresa e artistas que moram lá, que a gente procura prestigiar.”

Este ano, haverá um tributo ao escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, membro da Academia Brasileira de Letras, morto em 2014. “O Ariano é um autor da maior importância na literatura brasileira, a gente vai ter peças de teatro, mesas de debate e contação de histórias inspiradas na obra dele”, destaca Ninfa.

Os homenageados serão o ilustrador e escritor pernambucano André Neves e o escritor e compositor carioca Nei Lopes, ambos com trabalhos relacionados às matrizes africanas brasileiras, tema que também será abordado em debates e exposições.

Frequentador da Flist como convidado das mesas redondas, Nei Lopes se diz contente e envaidecido com a homenagem, que considera fruto do trabalho de mais de três décadas na literatura.

“Eu tenho uma atividade artística e literária de muitos anos. Comecei como compositor de música popular profissionalmente em 72 e, em 81, eu comecei uma carreira em livro, publicando quase que todo ano, eu tenho mais de 30 obras publicadas nesse período, é um volume bastante considerável.”

Com a obra totalmente ligada à ancestralidade africana, Nei afirma que é preciso inverter a visão mercadológica com relação à afrodescendência, que fica muito focada nas periferias.

“A gente tem que estar dentro, no meio, não é perifericamente, como se fôssemos ETs ou estrangeiros. Eu acho que a gente tem que estar dentro do fluxo da sociedade, coexistindo com ela, produzido para ela, absorvendo o que a sociedade tem de bom com naturalidade. É assim que o Brasil vai, se tiver que caminhar para frente, acredito que não seja coisa para o meu tempo, a solução é esta aí, integrar todas as suas vertentes de pensamento, integrar todas as suas vertentes de trabalho naturalmente, e não ficar olhando como se fosse uma visão periférica, uma visão do exótico.”

A Flist é promovida pelo Centro Educacional Anísio Teixeira (Ceat). São esperadas 10 mil pessoas nos dois dias de evento. Entre as atrações estão o poeta brasileiro Chacal, a escritora espanhola Ana Garralón e os cantores Marcos Sacramento e Chico, filho da cantora Cássia Eller.