Mostra Internacional de Cinema de SP faz 40 anos e debate política
A 40ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, iniciada na noite da última quarta-feira (19), fará homenagens principalmente a dois grandes diretores do cinema: o italiano Marco Bellocchio e o polonês Andrzej Wajda. A escolha deles não foi por acaso. Ambos serão representados por obras com viés político, tema destacado pela curadoria do festival.
“A cara que a Mostra terá este ano a gente não sabe, depende muito dos filmes novos. Mas quando você faz as homenagem, aí existe sim algo que você quer abordar, que você quer trazer. E acho que este é um ano que a gente tem de fazer reflexões políticas, pensar sobre isso calmamente e reflexivamente”, ressalta a diretora da Mostra, Renata de Almeida.
Marco Bellocchio, autor da arte do poster da mostra, e presença confirmada no evento, terá 12 títulos em exibição. Seu filme Belos Sonhos, que estreou em Cannes, em maio, foi o escolhido para a abertura da mostra. A obra é inspirada no livro autobiográfico Fai Bei Sogni, do jornalista Massimo Gramellini.
“Bellocchio é um grande nome, um diretor de 70 anos que já entrou para a história do cinema. É um grande nome da filmografia italiana, e que continua fazendo filmes que nos surpreendem, é o cineasta da sua geração mais ativo hoje em dia”, diz Renata.
Entre outros títulos do italiano, serão exibidos também Pagliacci (2016), A Bela que Dorme (2012), A China Está Próxima (1967), A Hora da Religião (2002), Bom Dia, Noite (2003), e De Punhos Cerrados (1965).
“Bellocchio é um cineasta inquieto, que sempre vem com muitas indagações no campo psicológico, mas também tem um trabalho muito forte no campo político. É um cineasta político, que aborda temas políticos”, destaca.
Andrzej Wajda, um dos símbolos do cinema político polonês, país escolhido como destaque na atual edição da mostra, será homenageado com uma retrospectiva de 17 títulos, entre os quais As Senhoritas de Wilko (1979), Cinzas (1965), Cinzas e Diamantes (1958), Os Inocentes Charmosos (1960), Tudo à Venda (1968), O Homem de Mármore (1976), O Homem de Ferro (1981), e Walesa (2013).
“Os poloneses chamam ele de o pai do cinema polonês. Ele tem uma filmografia muito marcante politicamente. Por meio do trabalho dele, você consegue entender a história da Polônia, que vai desde o nazismo até a abertura política”, ressalta Renata.
Quatro décadas
Em comemoração aos 40 anos da mostra, filmes que foram marcantes nas outras edições serão novamente exibidos. Estão programados Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia, de Hector Babenco (vencedor da primeira edição do evento); O Quarto Homem, de Paul Verhoeven, destaque na 8ª mostra; Variety, de Bette Gordon, exibido na 9ª mostra; Caunbailó, de Jim Jarmusch, exibido na 11ª mostra; Decálogo, de Krzysztof Kie lowski, exibido na 13ª mostra; e One Man Up, de Paolo Sorrentino, exibido na 25ª Mostra.
Presença confirmada também na atual edição, o diretor americano William Friedkin, será homenageado com o prêmio Leon Cakoff e a exibição de sete títulos, incluindo O Exorcista e Operação França, longa-metragem que completa 45 anos em 2016. A 40ª Mostra apresentará os trabalhos mais recentes de Abbas Kiarostami, Alejandro Jodorowsky, Bahman Gohbadi, Danis Tanovic, Döris Dorrie, Hirokazu Kore-Eda, Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne, Jia Zhangke, Jim Jarmusch, João Botelho, Paul Verhoeven, Park Chan-wook, Paz Encina entre outros diretores.
A programação completa da Mostra, que vai até 2 de novembro, pode ser vista em www.mostra.org