Site mostra transformação da paisagem e resgata memória social da Rocinha
Uma plataforma multimídia lançada nesta semana pode contribuir para a compreensão do processo de transformação, ao longo de mais de um século de história, da paisagem da Rocinha, além de resgatar a memória social dos 70 mil moradores do local que é considerado a maior favela do Rio de Janeiro.
O site Memória Rocinha é o resultado de uma parceria entre o Instituto Moreira Salles (IMS) e o Museu Sankofa Memória e História da Rocinha. A plataforma integra fotografias históricas e atuais, vídeos com depoimentos de moradores e frequentadores da comunidade e ainda contém um mapa afetivo do local.
Iniciado em 2014, o projeto foi desenvolvido de forma participativa com o museu e começou a partir de uma pesquisa no acervo de 800 mil fotografias do IMS. A equipe encontrou mais de 100 imagens que registravam a Rocinha por quase um século, de 1860 a 1950, algumas delas de grandes nomes da fotografia brasileira, como Augusto Malta.
Após selecionar 23 imagens para o site, em sua maior parte vistas panorâmicas, a equipe do projeto foi a campo para produzir novas fotografias.
“O nosso objetivo foi recriar as fotos, a partir dos mesmos ângulos. Voltamos aos lugares, buscando fazer uma análise não só da transformação da paisagem da Rocinha e sua relação com a cidade do Rio de Janeiro, mas também unir fotografia e memória social. No entorno de cada foto, há pessoas que deram vida ao lugar, e aí fizemos entrevistas com os moradores, que resultaram em vídeos, disponibilizados no site”, contou Ana Luiza de Abreu, coordenadora adjunta do projeto Memória Rocinha.
A conexão entre o passado e o presente pode ser visualizada em imagens e informações sobre as origens da Rocinha, suas transformações, formas de ocupação e identidade comunitária.
“O projeto é multidisciplinar, une fotografia, geografia e história. Além das fotos e dos vídeos com os moradores contando suas memórias, nós consideramos que seria interessante uma cartografia social. Criamos uma camada de mapas, um georreferenciamento. Quem acessar pode visualizar a complexidade que é a Rocinha, o que não é captado pelo Google Street View e por outras ferramentas”, explicou a coordenadora.
A ideia é que o site seja interativo e colaborativo, com o acréscimo de novas imagens e informações, trabalho que será incentivado pelo Museu Sankofa, criado em 2007. “Além de moradores atuais, tem gente que já morou e não reside mais na Rocinha e que pode contribuir”, aposta Fernando Ermiro, coordenador do museu.