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Flipelô começa e movimenta Pelourinho com homenagem a Jorge Amado

Sayonara Moreno - Correspondente da Agência Brasil
Publicado em 10/08/2017 - 19:41
Salvador
O anfiteatro do Teatro Sesc Senac Pelourinho ficou lotado durante a contação de estórias
© Sayonara Moreno
O anfiteatro do Teatro Sesc Senac Pelourinho ficou lotado durante a contação de estórias

O anfiteatro do Teatro Sesc Senac Pelourinho ficou lotado durante a contação de estóriasSayonara Moreno

A terra de Jorge Amado já festeja a primeira edição da Festa Literária Internacional do Pelourinho, a Flipelô, em Salvador. O evento, cuja programação foi aberta hoje (10) ao público, homenageia o  famoso escritor baiano e aniversariante do dia, além da escritora Zélia Gattai – esposa de Amado – e a poetisa baiana Myriam Fraga – amiga de ambos.

As pedras irregulares e os antigos casarões coloridos do Largo do Pelourinho, bairro que guarda parte da história do país e atrai turistas o ano inteiro, ganharam ainda mais vida com o misto de gente, sons, cultura e movimento da feira literária.

A Flipelô se fez ser notada e mostrou que já começou bem, atraindo muitos estudantes, professores, especialistas, artistas, escritores e público em geral. A diversidade dos participantes reflete a escolha dos nomes para a programação, com a presença notável de escritores e escritoras baianas, negras e negros, nacionais e internacionais.

“Jorge Amado foi um grande incentivador do povo negro, da cultura baiana, do povo da Bahia. E trazer escritores e essa temática em torno da problemática da diáspora africana é muito importante para esta edição da Flipelô”, comentou a atual diretora executiva da Fundação Casa de Jorge Amado, Ângela Fraga, filha da poeta Myriam Fraga, que ocupou o cargo durante quase 30 anos.

“A literatura merece e precisa desse destaque. Se a gente conseguir os patrocínios, incentivos e parcerias necessários, a ideia é levar a Flipelô para o próximo ano também. Por enquanto, estamos ainda ocupados com a realização desta, que acabou de começar”, disse Ângela.

Em frente à sede da Fundação Casa de Jorge Amado, no Largo do Pelourinho, o letreiro #FLIPELÔ era disputado por turistas e visitantes que fazem questão de registrar em fotos a presença na Festa Literária. O estudante Eleordano Soares, que está de passagem pela cidade para participar da Campus Party – que também acontece em Salvador -, fez questão de conhecer a Flipelô, sobretudo por estudar Ciências Sociais e entender a importância da literatura e da leitura.

“A gente veio conhecer o Pelourinho e me interessei muito pela programação da Flipelô. Talvez mais tarde eu volte para aproveitar alguma mesa de debates. Quando a gente fala em tecnologia e traz obras literárias de autores renomados, a gente liga o tecnológico e o cultural e pensa em como levar a tecnologia para a educação e trazer esses autores para o público. O livro e a leitura têm uma importância inegável na educação”, comentou o jovem de 23 anos, da cidade de Patos, interior da Paraíba.

Mesas redondas

As mesas redondas sobre temas ligados à cultura e literatura já estão acontecendo em alguns espaços dos casarões e instituições do Centro Histórico de Salvador. No Teatro do Sesc Senac do Pelourinho, por exemplo, a contação de histórias num anfiteatro ao ar livre atraiu várias dezenas de crianças e adolescentes. Do lado de dentro, diversos títulos estavam à mostra na livraria montada exclusivamente para a Flipelô.

“Eu gosto muito de ler poesias que rimam tudo. Eu procurei muito pelo [livro infantil] Um Pó de Crescimento e quero que minha mãe conte. Eu vou pegar os livros de Ilan Brenman e levar pra mim”, contou a pequena leitora Pietra, de seis anos, comemorando o encontro com o livro que vinha procurando há dias.

A mãe dela é a psicóloga Tarsila Leão, de 34 anos. Com o filho mais novo e recém-nascido nos braços, ela conta que o pequenino também vai crescer no ambiente dos livros.

“Sou psicóloga infantil e sei como é importante incentivar a leitura. Desde a gestação que eu leio muito para a Pietra. Sempre a incentivo e a levo em contações de história, porque é importante para ]desenvolver] o vocabulário, o crescimento e o desenvolvimento cognitivo. Eu e meu marido sempre mostramos a ela como é importante a leitura”, relatou Tarsila.

Intensa e mágica

Para completar a alegria de Pietra, o autor do livro que ela adquiriu na Flipelô estava no local, em uma sessão de autógrafos. Ilan Brenman é psicólogo e autor de livros infantis, tendo publicado mais de 50 títulos. Para ele, o retorno que as crianças trazem é sempre “uma novidade”, porque elas percebem algo que nem estava, intencionalmente, na história.

“Esse contato com a criança é fantástico. Quando a gente escreve não faz ideia que aqui, em Salvador, tem gente apaixonada pelas suas histórias. A Flipelô está intensa e [é uma coisa]mágica estar perto da Fundação Jorge Amado e de onde começou a cultura do Brasil. A história é a ferramenta mais poderosa de resistência de um povo. Contar, escutar e ler histórias é resistir”, destacou Brenam.

A Flipelô acontece até o próximo domingo (13), com atividades gratuitas para o público. Ao todo, são 220 convidados, em mais de 60 atividades, incluindo mesas de debates, seminários, exposições, peças teatrais e musicais, exibição de obras, filmes e fotografias. Veja aqui a programação e os nomes dos escritores e escritoras que fazem parte da Festa Literária Internacional do Pelourinho.