Momento político permeia produções do Festival de Brasília, diz curador
Seguindo a tradição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o momento político do Brasil será refletido nas telas da capital na 50ª edição do evento que tem início hoje (15) na capital federal. A abertura do evento será às 19h. “Essa é uma das veias mais importantes do festival. Muitos dos filmes inscritos trazem essa marca, então não tem como a seleção não responder a isso que os cineastas estão apresentando para a gente”, disse em entrevista à Agência Brasil Eduardo Valente, diretor artístico do evento.
Neste ano o festival teve um recorde de trabalhos inscritos. Foram 778 filmes, 25% a mais do que em 2016. Na mostra competitiva nove longas e 13 curtas-metragens concorrem ao Troféu Candango. “É uma seleção muito ampla, toda ela baseada na alma do festival, que é a reflexão sobre a nossa atualidade, os temas e questões que estão ocupando a cabeça de todo um grupo de pessoas interessadas em audiovisual no Brasil”, diz Valente.
A participação do público durante a mostra competitiva, outra característica marcante do Festival de Brasília, também permeou a escolha dos filmes que serão apresentados. “Quando a gente está pensando nos filmes, a gente está sempre pensando de que maneira eles podem repercutir nesse festival especificamente. A marca do festival tende a ser essa reação quente e calorosa do público”, diz Valente.
Os filmes em competição serão exibidos no Cine Brasília, localizado no Plano Piloto da capital federal e em Taguatinga, Sobradinho, Gama e Riacho Fundo I, nas regiões administrativas do Distrito Federal.
Ao todo serão exibidas produções de 13 estados durante o Festival. “Hoje o cinema brasileiro pode ser visto como uma representação nacional. A gente tem a produção realmente espalhada pelo país em quantidade e qualidade”, diz o organizador.
Abertura
Na abertura do festival, que ocorre nesta sexta-feira (15), serão exibidos o longa-metragem Não Devora meu Coração (2017) de Felipe Bragança, que tem no elenco o ator Cauã Reymond e foi exibido em festivais internacionais como Sundance Film Festival, que ocorre em Park City, nos EUA, e Berlinale - Festival Internacional de Cinema de Berlim. Também será exibido o curta Festejo Muito Pessoal (2016) de Carlos Adriano, produzido por ocasião do centenário de Paulo Emílio Salles Gomes (1916-1977) e é baseado em um artigo escrito por ele e publicado postumamente.
Com 40 anos de sua morte completados no último sábado, Paulo Emílio foi um dos criadores do Festival de Brasília, que teve sua origem em 1965 com o nome de Semana do Cinema Brasileiro.
A medalha Paulo Emílio Salles Gomes criada na edição anterior do festival e concedida ao crítico de cinema Jean-Claude Bernardet será entregue este ano em homenagem ao diretor Nelson Pereira dos Santos que completa 90 anos no dia 22 de outubro.
“É uma junção perfeita porque talvez seja o nosso cineasta mais longevo no sentido do tempo que ele atravessa da história do cinema brasileiro e a mesma coisa o festival”, diz Eduardo Valente.
Impossibiltiado de comparecer ao evento, o diretor de filmes como Rio 40 Graus (1955), Rio Zona Norte (1957), Vidas Secas (1963) e Como Era Gostoso Meu Francês (1973) será representado no evento por Diogo (filho) e Mila Dahl (neta).
A abertura da edição de número 50 do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro terá a apresentação dos atores Juliano Cazarré e Dira Paes e participação de Matheus Nachtergaele.