Funarte lança em SP coletânea inédita com obra do dramaturgo Plínio Marcos
Uma coletânea inédita com 29 textos do dramaturgo paulista Plínio Marcos (1935-1999) foi lançada hoje (28) em São Paulo pela Fundação Nacional de Artes (Funarte). É a primeira vez que a produção do autor é sistematizada em uma obra conjunta. Entre as peças mais famosas de Plínio Marcos, estão Navalha na carne e Dois perdidos numa noite suja, pelas quais recebeu o prêmio Molière de melhor autor. Durante a ditadura militar, Plínio Marcos teve produções sistematicamente censuradas e chegou a ser preso.
A coleção, organizada por Alcir Pécora, professor de Teoria Literária da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), traz dez peças inéditas, algumas porque foram montadas em espetáculos e outras porque não tiveram publicação impressa.
“Esses textos foram todos confrontados a várias versões e as modificações ajustadas segundo a última versão que ele deu em vida”, explicou Pécora. O professor destaca a participação da atriz Walderez de Barros, ex-mulher de Plínio Marcos, na seleção dos textos originais. “Isso já é uma grande contribuição desta coletânea, porque os textos são íntegros”.
A obra foi dividida em seis volumes, de acordo com linhas temáticas. “Para conseguir uma visão totalizante, mais específica e original desse conjunto de peças, eu propus uma divisão em aspectos que a obra poderia ser vista”, explicou o organizador. Com isso, segundo Pécora, o objetivo é mostrar que Plínio Marcos não se encaixa em um gueto, “como se fosse um escritor de marginais”.
“Ele tinha uma enorme produção em outras áreas, por exemplo, com teatro infantil, que ele fazia antes de qualquer outra coisa. Ele era palhaço profissional. Além de musicais, por exemplo. Ele tem longa produção em musicais e isso é pouquíssimo conhecido”, acrescentou.
O primeiro volume – Atrás desses muros – trata de personagens que se encontram na prisão. O segundo livro, intitulado Noites Sujas, mostra histórias de pessoas sem ocupação ou subempregados, no limite da sobrevivência nas grandes cidades. O Pomba Roxa, por sua vez, reúne as peças que giram em torno da figura da prostituta. O quarto volume, intitulado Religiosidade Subversiva, traz peças que foram reunidas em um livro pelo próprio Plínio Marcos. No reino da banalidade reúne os textos que descrevem “hábitos pequeno-burgueses”. Por fim, o sexto título, Roda de samba/Roda dos bichos, apresenta o teatro musical e também a obra infantil.
Imagens e memória
Pécora destaca também o trabalho de iconografia feito por Ricardo Barros, filho de Plínio. “A família tinha uma enorme quantidade de documentos visuais, programas das primeiras montagens, fotografias pessoais, manuscritos originais que pela primeira vez serão mostrados. Fotos e aspectos gráficos visuais que ainda ninguém conhecia, ou conhecia pouco”.
A coletânea traz ainda um trabalho analítico introdutório para cada peça. “Que leva em conta não só o período, o momento que foram montadas, mas também o que podem significar em relação ao presente”, explicou o autor do livro. Além dessa discussão, os volumes apresentam vasta biografia sobre a obra de Plínio Marcos. “Formam um conjunto, um aparato crítico, bastante significativo”, destacou o organizador. Os livros estão à venda no site da Funarte.