Deputados pedem intervenção estadual em Coari
Um grupo de deputados estaduais protocolou nesta terça-feira (21) uma representação contra o prefeito de Coari (AM), Adail Pinheiro (PRP), suspeito de abusar sexualmente de meninas. No documento, entregue ao Ministério Público do Amazonas, os parlamentares pedem intervenção do governo estadual no município. Pedem que o prefeito seja afastado para que a ordem seja reestabelecida na cidade.
Após a entrega do documento, os deputados Luis Castro (PPS) e José Ricardo (PT), acompanhados de representantes dos deputados Marcelo Ramos (PSB) e Chico Preto (PMN) foram recebidos pelo Procurador de Justiça do Amazonas, José Roque Nunes Marques, também Corregedor-geral do MP-AM. "Os parlamentares solicitaram nosso empenho e, em nome do Procurador-geral de Justiça, Francisco Cruz, reiterei a missão do MP-AM no propósito de dar respostas rápidas à sociedade. Acredito que, em breve, daremos andamento ao processo", afirmou o corregedor.
Coari, situada a 363 quilômetros de Manaus, é a segunda cidade com maior arrecadação do Amazonas. É, também, o segundo município com o maior PIB do estado, devido à instalação de uma empresa de petróleo na cidade.
Após as denúncias contra o prefeito de Coari, apresentadas no último domingo (19), pelo programa Fantástico, da TV Globo, o presidente nacional do Partido Republicano Progressista (PRP), Ovasco Roma Resende, determinou que a diretoria estadual do partido instaure processo disciplinar contra o prefeito Adail Pinheiro. Segundo o programa, o prefeito responde a mais de 70 processos na Justiça, incluindo acusações de chefiar uma rede de prostituição infantil.
Na segunda-feira (20), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) retomou a apuração de denúncias de irregularidades e desvios de conduta cometidos por servidores do Tribunal de Justiça do Amazonas. A Corregedoria Nacional de Justiça, vinculada ao CNJ, investiga se o prefeito de Coari, Adail Pinheiro, é beneficiado por juízes da comarca, suspeitos de retardar o julgamento de vários processos em que ele é acusado de abusar de menores de idade e de comandar uma rede de prostituição infantil.
Em outubro de 2012, o plenário do conselho decidiu transferir de Coari a juíza Ana Paula Medeiros Braga, suspeita de, junto com outros magistrados, favorecer Pinheiro em troca de privilégios pessoais. Pinheiro foi eleito para o terceiro mandato de prefeito poucos dias antes do anúncio da decisão do CNJ. De acordo com o CNJ, os processos relacionados a casos de exploração sexual deverão ter prioridade, principalmente para apurar suspeitas de proteção ao político. Desde o início dos processos contra Pinheiro, quatro juízes foram punidos suspeitos de favorecer o prefeito.
Adail Pinheiro nega as acusações, que foram motivo de investigação, inclusive pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, da Câmara dos Deputados, à qual ele prestou depoimento em agosto de 2013. Segundo o prefeito, as investigações sobre o assunto não resultaram em "nenhum fato comprobatório de qualquer acusação".