Senadores visitam suspeito de envolvimento na morte do coronel Malhães


O corpo do coronel Paulo Malhães foi enterrado em 26 de abril, no cemitério de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense
Em visita oficial ao Rio de Janeiro para investigar as causas da morte do coronel Paulo Malhães, que assumiu ter participado ativamente de torturas durante a ditadura militar no Brasil, a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal chegou a ser barrada na Delegacia Antissequestro, no Leblon, zona sul da cidade.
A presidente da comissão senadora Ana Rita (PT-ES), os senadores Joao Capiberibe (PSB-AP) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) chegaram às 10h para ouvir o caseiro do coronel Malhães, Rogerio Pires, um dos envolvidos no assalto que provocou a morte do militar. No entanto, uma hora depois não tinham sido autorizados a ver o preso.
Os parlamentares chegaram a dar declarações à imprensa criticando a Secretaria Estadual de Seguranca que não teria comunicado à delegada de plantão sobre a vinda da diligência do Senado. Mas durante a entrevista, o senador Capiberibe recebeu uma ligação informando de que a entrada da comitiva havia sido liberada.
"Fomos surpreendidos ao chegar aqui e a delegada não estar presente. E, apesar de vários contatos de nossa presidente, não obtivemos autorização para ter acesso ao preso", declarou Randolfe, antes de ter a entrada autorizada na delegacia.
Os senadores estão, no momento, dentro da Antissequestro, onde pretendem ouvir o caseiro. Rogerio Pires confessou ter participado do assalto ao sitio do coronel, em Nova Iguaçu, facilitando a entrada de dois irmaos que entraram na casa.
Uma das hipóteses para a morte do coronel da ditadura é roubo seguido de morte, o que provocou um infarto em Malhães, segundo a guia de sepultamento. Porém, a Comissão da Verdade do Rio levanta suspeitas sobre a tese da Polícia Civil e cobra participação da Polícia Federal nas investigações do episódio.
"Têm questões não esclarecidas. O coronel Brilhante Ustra publicou em site pessoal a informação da morte de Malhães com meia hora de antecedência em relação à imprensa e o fato de os discos rígidos dos computadores da casa terem sido levados, o que não configura assalto clássico", afirmou o presidente da comissão, Wadih Damous.
Para Wadih, a confissão do caseiro não é suficiente. "Ainda que tenha sido ele de fato o assassino, achamos que ele tem outros esclarecimentos", completou.
Ao longo do dia, os senadores da Comissão de Direitos Humanos vão à sede da Polícia Civil, onde também tratarão do caso.
Para os senadores é muito suspeita a morte do coronel depois de dar depoimento à Comissão da Verdade detalhando a atuação dele e do regime militar na prisão e tortura de presos políticos no período.
* Colaborou Raquel Júnia
