Governo faz expedição em busca de restos mortais de desaparecidos no Araguaia
O governo federal recomeçou, em Xambioá, no Tocantins, e em São Geraldo do Araguaia, no Pará, os trabalhos de busca de restos mortais de desaparecidos políticos na Guerrilha do Araguaia (1972-1974) – movimento que surgiu na década de 1970 em oposição à ditadura militar. O governo estima que 61 guerrilheiros permanecem desaparecidos.
A expedição, a primeira organizada este ano, começou ontem (8) e vai até o dia 19 deste mês. Ela ocorre nas cidades que foram sede de bases e acampamentos montados pelo Exército no período da guerrilha, informou a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Segundo relatos de testemunhas, guerrilheiros foram enterrados em diversos pontos da região conhecida como Bico do Papagaio, nos limites do Tocantins, Pará e Maranhão.
A busca é organizada pelo Grupo de Trabalho Araguaia, coordenado pela Secretaria de Direitos Humanos, em parceria com os ministérios da Defesa e da Justiça. A investigação envolve uma equipe de 20 peritos das áreas de geologia, arqueologia e antropologia forense.
Segundo a secretaria, em São Geraldo do Araguaia, a equipe prosseguirá com as investigações iniciadas em 2012 e 2013, em um antigo cemitério, a fim de identificar covas em que possam estar enterrados corpos de desaparecidos políticos. Os peritos também farão levantamento de possíveis cavernas e fendas usadas para ocultação de restos mortais.
A outra parte da equipe vai ficar no Tocantins, onde os especialistas darão continuidade às escavações no local que sediou a Base Militar de Xambioá. Dados do governo indicam que o espaço era usado para atos de tortura de camponeses e militantes políticos.
O Grupo de Trabalho Araguaia resgatou 27 restos mortais entre 2009 e 2014, encaminhados para a Universidade de Brasília, o Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal e o Instituto Médico-Legal do Distrito Federal.
Dentre eles, 12 estão em análise para extração de DNA, e em seis os exames não acusaram compatibilidade com as amostras existentes no banco de perfis genéticos de familiares de desaparecidos políticos. Segundo a Secretaria de Direitos Humanos, não foi possível extrair o DNA de quatro ossadas e cinco passaram por exames antropológicos e aguardam novos procedimentos.
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