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Direitos Humanos

Vale do Anhangabaú recebe 16ª edição da Feira Cultural LGBT

Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 26/05/2016 - 16:31
São Paulo

O Vale do Anhangabaú, no centro da capital paulista, recebe hoje, até as 22h, a 16ª edição da Feira Cultural LGBT, com barracas de moda, lazer, gastronomia e de organizações sociais que apoiam a causa LGBT. Há também um palco onde se apresentam bandas e artistas. O evento antecede a 20ª edição da Parada do Orgulho LGBT, que acontece neste domingo (29), na Avenida Paulista.

“A feira traz as ONGs que trabalham com a questão LGBT, pessoas que trabalham com produtos que visibilizam a questão LGBT, artistas da noite ou que tem esse foco e a alimentação. É para divulgar tanto um trabalho social e os trabalhos institucionais dos governos federal, estadual e municipal, como também é um momento lúdico, de diversão e interação”, disse Fernando Quaresma, presidente da Associação da Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros de São Paulo (APOGLBT).

Segundo Fernando Quaresma, a Parada do Orgulho LGBT deste ano pretende discutir principalmente a lei de identidade de gênero. Há um grupo de deputados federais que pretende revogar um decreto, assinado pela presidente afastada Dilma Rousseff, em abril deste ano, que permite o uso do nome social em toda a administração pública federal. O projeto de decreto legislativo, de número 395, tem apoio de 28 deputados.

“Nossa campanha traz uma luta em favor do segmento T, travestis e transexuais homens e mulheres. Ainda existe muito a se ganhar. Esse ano estamos lutando pela lei de identidade de gênero para que as pessoas possam ter um nome pela qual elas se identificam e direitos garantidos para esse segmento T, quer seja para permanecer na escola, para serem absorvidos no mercado de trabalho ou para serem respeitados pela família ou pela comunidade. Temos muito a lutar porque foi assinado um decreto, em Brasília, em que querem tirar o direito desse segmento de usar seu nome social. O Legislativo, infelizmente, não trabalha em favor da comunidade LGBT e essa é uma vitória que ainda temos que alcançar, de ter um Legislativo mais igualitário”, disse ele.

O casal Daniele Cristina Lima, 27 anos, auxiliar de produção, e Cátia dos Santos Reis, 35 anos, desempregada, visitou a feira no início da tarde de hoje. Daniele já esteve na feira em outros anos, mas esta era a primeira vez em que Cátia participou do evento. “É interessante. Estou gostando. Vim mesmo para conhecer”, disse ela.

“A feira é muito interessante tanto para homossexuais conhecerem quanto para os héteros saberem um pouco também sobre nossa cultura”, disse Daniele. Em entrevista à Agência Brasil, Daniele contou que ela ainda enfrenta muito preconceito nas ruas. “No meu caso sim, por causa do meu estilo. Ainda sofro um pouco para ir ao banheiro público. As pessoas me olham como se eu tivesse entrado no banheiro errado. Mas eu encaro isso normalmente. Não fico nem intimidada, nem nada. Só tento explicar para as pessoas que sou mulher mesmo e estou entrando no banheiro certo”, falou ela.

Alckmin

O governador de São Paulo Geraldo Alckmin visitou a feira no final da manhã de hoje. Segundo ele, a feira é importante porque “promove a diversidade e divulga a Lei 10.948, de 2001, que criminaliza a homofobia”. De acordo com o governador, a expectativa é que a Parada do Orgulho LGBT deste ano reúna cerca de 1milhão de pessoas o que, segundo ele, “movimenta o turismo e a cidade”. “Mas o aspecto principal é o respeito. A injustiça cometida contra uma pessoa é uma ameaça a toda a sociedade”, destacou o governador.