Dia da Consciência Negra tem atos durante todo o dia em São Paulo
Integrantes de movimentos sociais, centrais sindicais e de defesa dos direitos da comunidade negra reuniram-se na capital paulista para um dia inteiro de atos para celebrar o Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado hoje (20). Os atos ocoreram na Avenida Paulista, região central da cidade, e culminaram na 13ª Marcha da Consciência Negra, que saiu do Museu de Artes de São Paulo (Masp) para terminar na Praça da República.
Neste ano, o manifesto teve como tema principal Fora Temer e Nem um Direito a Menos. Uma das bandeiras dos participantes foi a não aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que propõe o congelamento dos gastos públicos por 20 anos. Os movimentos sociais alegam que, se aprovada, a PEC atingirá principalmente os programas sociais voltados para a educação e a saúde. Eles também são contrários à reforma da Previdência.
Entre as reivindicações estão ainda a manutenção e fortalecimento das políticas públicas de promoção da igualdade racial nas cidades em que ainda não existem; manutenção das políticas públicas para as mulheres, especialmente para as negras; e defesa de políticas de ação afirmativa, com corte racial e de gênero, com implantação de medidas para ampliar a participação de mulheres negras nos espaços e poder.
Além disso, os movimentos pedem programas para a plena implantação das leis que tratam da história do povo indígena e da população negra na rede pública e privada de ensino, o estabelecimento de medidas para combater a intolerância religiosa e a defesa da criminalização da homofobia e dos crimes raciais na internet.
De acordo com um dos coordenadores da marcha na Avenida Paulista, Wilton Roberto Levi, hoje é um dia também de homenagem a Zumbi dos Palmares. "Ele é a possibilidade de se ter atingido a liberdade e buscá-la ainda. Hoje é um dia de mostrar a cultura, a arte, homenagear, lutar, denunciar e reivindicar. Nossas principais reivindicações estão focadas na educação", enfatizou.
Os atos também reforçaram a contrariedade das entidades negras com relação à recente anulação do julgamento de 74 policiais envolvidos na morte de 111 detentos, no conhecido Massacre do Carandiru, em outubro de 1992. Eles pedem ainda atenção para a questão da mulher e do aumento da violência contra mulheres e jovens. "A juventude negra está sendo assassinada, e o genocídio atinge principalmente as mulheres, que sofrem vendo seus filhos morrerem", de acordo com Wilton.
Sandra Mariano, da Coordenação Nacional de Entidades Negras, ressaltou que o dia é de comemoração mas também de luta. "Há uma pesquisa dizendo que a violência contra a mulher aumentou, e agora as mulheres negras aparecem nessa pesquisa. Há ainda o fato de que as mulheres negras não recebem o mesmo salário das brancas. Também queremos chamar a atenção para a questão da gravidez na adolescência e do aborto", salientou.
A Polícia Militar não informou quantas pessoas participaram do ato.