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Direitos Humanos

Secretaria do Rio apresenta projeto para transformar prédio do Dops em museu

Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 12/12/2016 - 18:37
Rio de Janeiro
O movimento Ocupa Dops promove um ato público em frente ao antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) no Rio, para marcar o Dia Internacional de Combate à Tortura (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
© Tânia Rêgo/Agência Brasil

O projeto para transformar o prédio do antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) no Rio de Janeiro em um museu foi apresentado hoje (12) ao público pela Coordenadoria Estadual por Memória, Verdade e Educação em Direitos Humanos, órgão vinculado à Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos. Localizado na Rua da Relação, 40, na Lapa, o Dops foi usado durante a ditadura militar como espaço de prisão e tortura, servido como local para a repressão a movimentos sociais e políticos contrários ao regime militar.

O movimento Ocupa Dops promove um ato público em frente ao antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) no Rio, para marcar o Dia Internacional de Combate à Tortura (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

O prédio do antigo Dops está de posse da Secretaria de Estado de Segurança PúblicaArquivo/Tânia Rêgo/Agência Brasil

A superintendente de Promoção dos Direitos Humanos da secretaria, Aline Inglez, disse que embora o plano museológico tenha sido elaborado e apresentado, ainda não há perspectiva concreta para sua implementação. Além de o prédio necessitar de reformas estruturais profundas, porque, segundo Aline, “seu estado de conservação é muito ruim”, o processo exige a cessão do equipamento da Secretaria de Estado de Segurança Pública e a busca de parceiros, inclusive privados, que queiram apoiar o projeto com recursos financeiros. A superintendente diz que não há nenhum orçamento para a implementação do projeto. “Essa coisa mais concreta não está elaborada, até porque o estado está em um momento de crise total. Então, não existe nenhum tipo de perspectiva neste momento de concretizar esse plano. Está tudo no papel”.

Movimentos sociais

A apresentação do plano museológico objetivou dar visibilidade ao projeto, que representa uma demanda antiga de movimentos sociais e organizações de direitos humanos, ex-presos políticos e parentes de mortos e desaparecidos que querem a transformação do prédio do Dops em um espaço de memória. Com o fim da Comissão de Verdade do Rio de Janeiro (CV-RJ), em dezembro do ano passado, Aline disse que a secretaria conseguiu, “por meio da pressão do relatório”, elaborar um plano museológico para dar ao pedido mais consistência. “É uma proposta que está sendo entregue”, disse.

A superintendente disse que o ideal seria que esse espaço, “por tudo que ele significa e tem dentro”, fosse transformado em um museu que preservasse a memória de tudo que aconteceu no período da ditadura. “Essa é a grande solicitação da sociedade civil e dos movimentos”. O edital que resultou na elaboração do projeto para transformar o prédio do Dops em museu resultou de uma articulação que envolveu também a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e a Secretaria Estadual de Cultura.

O prédio pertencia ao patrimônio da União, vinculado ao Ministério da Justiça. Com a passagem do governo central para Brasília, ele foi transferido ao estado da Guanabara à época e, atualmente, está de posse da Secretaria de Segurança, sob a administração da Polícia Civil.

O ex-presidente da Comissão de Verdade do Rio de Janeiro (CV-RJ), Wadih Damous, sempre defendeu a ideia de transformar o espaço em um museu. “É um prédio histórico e ali foi, durante gerações, um centro de repressão política. Transformar aquilo em memorial ou museu da democracia é algo absolutamente necessário”, disse. “A repressão política é algo que tem muita força na história do país. A necessidade de que isso [a transformação em museu] aconteça é evidente”. Damous analisou que não tem nenhum cabimento compartilhar o espaço com a Polícia Civil, como argumentam algumas pessoas.


Fonte: Prédio do antigo DOPS, no Rio, ganha projeto museológico