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Direitos Humanos

CNBB e Cáritas lançam campanha para ajudar vítimas de terremotos no México

Letycia Bond – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 02/10/2017 - 13:49
Brasília
Cidade do México - Vista de um destruído durante terremoto que atingiu o México (EPA/Direitos reservados)
© Alejandro Cruz/EPA/Direitos reservados

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Cáritas Brasileira, entidade da CNBB, lançaram hoje (2) a campanha nacional SOS México, para arrecadar suprimentos às vítimas dos terremotos de grande magnitude ocorridos recentemente no país. O primeiro tremor, de 8,2 graus na escala Richter, foi no dia 7 de setembro e apenas 12 dias depois, houve outro, de 7,1 graus.

Segundo informações da Agência EFE divulgadas ontem (1º), o número de mortos soma 361, dos quais 220 foram encontrados na Cidade do México, capital do país.

O diretor executivo nacional da Cáritas Brasileira, Luiz Cláudio Lopes da Silva, disse que a ideia da campanha surgiu após um levantamento da Cáritas Internacional, concluído na semana passada, que avaliou em US$ 5 milhões o valor necessário para que se execute o plano de recuperação das comunidades pretendido pela entidade.

“O objetivo da campanha é contribuir em ação imediata, fornecendo bens de consumo e cuidando de pessoas que estão vivendo em moradias provisórias, na casa de parentes, em barracas. Em um segundo momento, como foi no Haiti e no Chile e tem sido no Equador, nossa ação é de ajudar aqueles que estão em situação mais vulnerável, os mais pobres”, acrescentou Silva.

Para Silva, a falta de solidariedade do brasileiro é um mito. “Apesar de muitos dizerem que aqui não há solidariedade e cultura de doação, no dia seguinte ao terremoto, pessoas já buscavam a entidade, perguntando como poderiam fazer doações.”

Atendimento

Além de alimentos, as equipes buscam garantir o acesso a medicamentos, material de higiene e também dar assistência psicológica às vítimas. Em trabalho com a Defesa Civil do México, foram instalados 32 centros de atendimento psicológico e médico na Cidade do México e sete em Puebla. Para a segunda fase de cooperação estão previstas reparação e construção de residências. Outro organismo de cooperação envolvido no amparo às vítimas é a Conferência Episcopal do México.

De acordo com o assessor nacional da Cáritas Brasileira para a área de Meio Ambiente, Gestão de Riscos e Emergências, Marcelo Lemos, em Tuxtla Gutiérrez, capital do estado de Chiapas, 3 mil casas foram danificadas, em um raio de devastação que abrangeu 165 municípios. “Em Chalco, 2 mil casas estão praticamente desocupadas, porque foram quase totalmente destruídas. Eram casas de adobe [estrutura feita de terra, água, palha e fibras naturais], de famílias muito, muito pobres”, acrescentou Lemos.

De acordo com Lemos, o encarecimento dos bilhetes aéreos para as localidades mexicanas assoladas pelos terremotos dificultou a ida de uma equipe brasileira de reforço. “A principio, pensamos em enviar uma equipe. O preço da passagem está bem elevado. Por conta da redução de voos, [o preço] aumentou, o que é contraditório e mostra a exploração da situação. O que a Cáritas busca, enquanto rede, é fazer esse SOS, mobilizar”, afirmou.

Por meio de e-mails e aplicativos de mensagens como WhatsApp, o grupo mexicano da Cáritas mantém informados os assessores de gestão de risco de outros países. Paralelamente, um escritório em Roma reúne informações do mundo todo e emite um comunicado a cada quatro dias. Deste modo, a instituição obtém respostas rápidas às demandas que vão surgindo.

Atualmente, 15 pessoas ocupam funções relacionadas à gestão de risco e emergência no âmbito da América Latina. Segundo Lemos, todas elas são capacitadas com oficinas técnicas, conhecimento que, ainda que em nível mais básico, deveria ser difundido entre a população.

Marcelo Lemos ressaltou que o momento de disputas políticas no México tem se refletido na tomada de decisão relativas ao desastre, mas disse que as organizações que vão ao socorro das vítimas tentam separar as duas questões. “O governo nacional tem desenhado estratégias e governos locais nem sempre têm o mesmo entendimento. Cria-se um protocolo de tempo que não corresponde ao que as pessoas precisam. É preciso minimizar esse conflito de interesse”.