Sete em cada 10 vítimas de feminicídio em SP foram mortas em casa
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Sete em cada 10 vítimas de feminicídio no estado de São Paulo, em 2019, foram mortas dentro de casa. Um total de 125 mortes ocorreram nas residências das vítimas no ano passado, o que representa um aumento de 40% em relação a 2018, quando foram 89 mortes em casa. O levantamento foi revelado pelo Instituto Sou da Paz, com base nos números disponibilizados pela Secretaria de Segurança Pública do estado e Corregedorias das Polícias Civil e Militar.
O feminicídio é o homicídio praticado contra a mulher quando o autor é motivado pelo fato de a vítima ser do gênero feminino. No ano passado, um total de 180 mulheres foram vítimas deste crime em todo o estado. O número é recorde e 30% maior do que em 2018, quando o feminicídio vitimou 137 mulheres no estado. A análise do Sou da Paz revelou ainda que, em 80% dos casos, a vítima conhecia o autor do feminicídio.
“Os dados acendem um alerta para este momento em que muitas mulheres vítimas de violência doméstica estão isoladas em casa com seus parceiros. Não só no Brasil, mas também em outros países, como Alemanha, China e Itália, o aumento da violência doméstica por conta do confinamento já vem sendo verificado”, disse Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz.
Ela acrescentou que os dados do disque denúncia nacional corroboram essa preocupação. “Após o decreto de quarentena para conter o coronavírus, as denúncias de violência doméstica aumentaram 17% no Brasil. É preciso atuar preventivamente, com ações como verificar a recorrência de chamados policiais num mesmo endereço, pois feminicídios muitas vezes ocorrem após uma sequência de violências anteriores”, disse.
Faixa etária
De acordo com o instituto, o feminicídio tem sido observado em todas as faixas etárias. Em 2019, houve um aumento das vítimas de mais de 55 anos. No entanto, a faixa etária onde ocorrem mais feminicídios é entre 25 e 29 anos.
No levantamento, foram identificados casos envolvendo menores de 15 anos, sendo que quatro crianças e adolescentes foram mortas. Em três casos o autor foi o próprio pai, que também matou as mães das jovens. Em dois casos foi usada arma de fogo, nos outros foram usadas faca e intoxicação por fumaça.
O Sou da Paz identificou que, em muitos casos, crianças e jovens testemunharam a morte de suas mães, tendo como autor o pai ou alguém muito próximo. “Portanto, é fundamental implementar políticas públicas para prover assistência psicológica a essas crianças”, disse Carolina.
A ausência de dados sobre raça é um dos pontos que chama a atenção do instituto, já que apenas 18% dos registros apresentavam essa informação. “Apesar da importância desse recorte, a ausência mostra que não é uma prioridade das autoridades de segurança pública. É preciso avançar na transparência de dados sobre raça para endereçar melhor as políticas públicas de combate aos feminicídios”, avaliou Carolina