Em Feira Cultural da Diversidade, pessoas trans podem retificar nomes
A atendente Mibielly Christine Silva, de 39 anos, foi a primeira na fila do estande que oferece a retificação de nome para pessoas transexuais, de forma gratuita, na 22ª Feira Cultural da Diversidade da Parada LGBT+.
A ação ocorre ao longo desta quinta-feira (16), no Largo do Arouche, na capital paulista, e tem o objetivo de promover a economia criativa, a geração de renda e a cultura LGBT+.
Para participar, os interessados tiveram que fazer um pré-cadastro no site da patrocinadora da ação, onde foram oferecidas 200 senhas. Os inscritos compareceram então, com os documentos necessários, no estande da Amstel, na feira.
Todo o trâmite para retificação de nome foi custeado pela marca com acompanhamento de representantes legais. Os novos documentos devem ser retirados no 34° Cartório, localizado na rua Frei Caneca, número 371.
Natural de Belém, no Pará, Mibielly mora em São Paulo há sete anos. Para ela, fazer a retificação do nome no documento é uma vitória.
“Dei entrada no meu processo de mudança de nome antes da pandemia, mas depois a gente não podia mais fazer nada porque estava tudo fechado. Essa semana pude realizar um grande sonho. Cheguei aqui muito cedo, às 5h40, por isso fui a primeira pessoa a ser atendida. É uma grande vitória, é uma grande conquista. É um sonho poder ter o meu nome conforme a minha imagem”.
A atendente de loja explica a importância na retificação no documento. “Todo mundo aqui, que se diz uma pessoa transgênero, tem o direito de ser respeitada e ter acesso a essa oportunidade. Porque às vezes que é muito chato você estar com uma aparência feminina e ser chamada pelo nome masculino. Isso é muito constrangedor para gente. Quem está na nossa pele sente essa dor”.
Os amigos Heitor e Felipe também estavam nessa fila, eles chegaram por volta das 9h da manhã e tinham grande expectativa com a retificação do nome.
“É um momento histórico hoje, o Heitor está nascendo hoje, é maravilhoso. Graças a Deus eu nunca sofri a transfobia, que muitos aqui sofrem, mas é mágico”, contou o operador de telemarketing Heitor Maurício Keppler Silva, de 31 anos.
Natural de Itu, interior de São Paulo, Heitor está há dois anos na capital. Ele disse que começou a fazer o tratamento de transição há dois anos e conta com o apoio da família.
“Tenho uma mãe que é maravilhosa, que me ajudou pra caramba em todo o processo de transição. Eu sempre me identifiquei como Heitor, eu não me identificava com as meninas, ficava mais com os moleques, andava mais de roupa masculina. Então eu nunca me vi no meio feminino".
O assistente administrativo Felipe de Oliveira Passuelo, de 31 anos, contou que dentro da sigla LGBT, ele se assumiu aos 14 anos. “Para a minha família foi bem difícil, eu fui expulso de casa aos 16 anos, mas graças a Deus os meus avós paternos me criaram”.
Como homem trans, ele se identifica desde os 26 anos. “No começo, eu não sabia onde eu me encaixava dentro da sociedade. Você fica muito deslocado. Mas hoje eu faço todo o meu tratamento pelo SUS. Quando eu me identifiquei como homem trans, aí eu comecei a correr atrás e estou aqui”.
Além da ação, quem passa pela Feira, que segue até as 22h desta quinta-feira pode curtir espaços de gastronomia, artesanato, workshops, arte e produtos com temáticas LGBT+, além de shows de artistas.
Parada do Orgulho LGBT+
A feira de hoje faz parte dos eventos extras da 26ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, que será no próximo domingo (19), a partir das 12h com atrações como Pabllo Vittar, Luísa Sonza e Liniker entre outros.
A parada, que volta este ano em formato presencial para a Avenida Paulista, traz como tema o voto: "Vote com orgulho - por uma política que representa".