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Direitos Humanos

RJ: acesso a água e saneamento básico é tema de encontro internacional

Líderes comunitários apresentaram suas experiências com o tema
Rafael Cardoso – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 13/02/2023 - 19:24
Rio de Janeiro
Saneamento básico em Maceió
© Carolina Gonçalves/Agência Brasil

Inahra Cabral Alves da Silva é moradora do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, e enfrenta todos os dias problemas de saneamento básico. Na semana passada, em meio às fortes chuvas que atingiram a cidade, ela teve de caminhar um longo trajeto com a água na altura das coxas e o lixo boiando ao redor.

Essas experiências a motivaram a participar de projetos para melhorar as condições de vida em sua comunidade. Inahra foi uma das participantes da plenária que discutiu o saneamento básico pela perspectiva dos direitos humanos, na reunião anual da Comunidade Global de Tecnologia Sustentável e Inovação (G-Stic). O evento ocorre no Rio de Janeiro de 13 e 15 de fevereiro. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é a principal coanfitriã.

Estudante de arquitetura e urbanismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Inahra é também uma das criadoras do Lutes (Lutas Urbanas, Tecnologia e Saneamento).

“O Lutes atua com a conscientização dos direitos, através da educação popular para a juventude favelada. E a gente percebe que existe um olhar de normalização desses problemas de saneamento. Muito por conta da falta de acesso a outros espaços da cidade. Os jovens geralmente ficam ali na Maré ou em regiões próximas, e não percebem essa diferença. Estão acostumados com lixo todo dia, com enchentes todo dia. Com o passar dos nossos encontros, eles vão criando um olhar mais crítico”.

Outros participantes do debate no G-Stic apresentaram projetos de tecnologia limpa e desenvolvimento sustentável. O engenheiro sanitarista e pesquisador da Fiocruz, Alexandre Pessoa Dias, apresentou um balanço do Programa Nacional de Saneamento Rural (PNSR) no Brasil, que pretende melhorar o acesso dos recursos hídricos e saúde pública para as populações do campo e da floresta.

Marcela Olivera, coordenadora da rede cidadã sobre justiça hídrica Red VIDA, falou sobre a experiência de uma revolta popular que impediu a privatização da água em Cochabamba, na Bolívia.

Miguel Aragón, representante da Organização Pan-Americana da Saúde, também estava presente no evento. Ele reforçou que a universalização da água, do tratamento de esgoto e das condições de higiene adequadas à população fazem parte da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

O documento foi assinado pelos 193 Estado-membros da Organização das Nações Unidas (ONU). Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 700 milhões de pessoas carecem desses direitos básicos.