SP: venda de imóveis novos cresce 210% em novembro, mas acumulado tem retração
As vendas de imóveis novos cresceram 210,2% em novembro do ano passado na comparação com o mês anterior, mostra levantamento divulgado hoje (19) pelo Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP). Foram comercializadas 2.987 unidades residenciais na capital paulista, enquanto no mês de outubro foram vendidas 963 unidades. Em relação a novembro de 2013, quando 2.777 imóveis foram negociados, houve aumento de 7,3%.
Para o economista chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, a forte alta deve-se ao fato de que o mês de novembro teve a maior parte dos dias úteis. “Tivemos um mês completo. Calhou também de termos 6 mil unidades lançadas em todas as tipologias de dormitórios em várias regiões da cidade. Tudo isso ocasionou esse número significativo de vendas”, disse Petrucci. Foram lançadas 6.301 unidades residenciais no período, um aumento de 169,7% em relação a outubro (2.336 unidades).
Do total de vendas no penúltimo mês do ano, 1.165 eram unidades de dois dormitórios, 1.117 de um quarto, 555 de três e 150 unidades com quatro ou mais. Embora o imóvel de dois quartos tenha sido o mais comercializado em números absolutos, o melhor desempenho foi das unidades com um quarto. Nessa categoria, 13,6% dos apartamentos em oferta foram vendidos. As unidades de dois quartos atingiram o índice de 10,8%.
Apesar dos números animadores em novembro, o setor está com retração no acumulado do ano. De janeiro a novembro, foram comercializadas 18.324 residenciais novos. Em relação ao mesmo período de 2013, houve queda de 40%. Petrucci destaca, no entanto, que a base de comparação é muito forte e, por isso, o percentual é expressivo. Comparativamente ao resultado do período de janeiro a novembro em 2012 e 2011, houve queda de 24% e 25%, respectivamente.
Além da forte base de comparação, Petrucci apontou outros fatores para o resultado negativo no acumulado do ano passado. Para ele, 2014 foi um ano atípico por causa de grandes eventos, como Copa do Mundo e as eleições. O economista citou o fato de o carnaval ter caído em março, o que prolongou o período de férias. “Por último, vem a questão de que ninguém está com uma expectativa boa da economia. As decisões de compra estão sendo postergadas. Tudo isso explica esse movimento completamente fora da curva que tivemos na cidade de São Paulo.”
O sindicato ainda não elaborou as projeções para este ano, pois aguarda o levantamento de dezembro. Petrucci antecipa, no entanto, a possibilidade de 2015 apresentar cenário similar ao de 2012, que se mostrou como um período de ajuste. “Provavelmente, devemos ter uma redução dos lançamentos, e as vendas devem ficar próximas do volume lançado, com escoamento do que não foi vendido no ano anterior”, explicou. São Paulo tem 26.579 unidades em estoque, que é o maior nível histórico desde 2004.
Entre os fatores que podem deixar o consumidor retraído neste ano, Petrucci aponta a decisão da Caixa Econômica Federal de aumentar os juros de financiamentos da casa própria com recursos da poupança. “É mais uma notícia ruim. As pessoas que estavam dispostas a procurar imóvel podem repensar ou postergar a decisão. É mais um impacto negativo”, afirmou. O economista destacou, entretanto, que ainda não é possível medir o peso dessa influência.
Apesar do cenário econômico incerto, Petrucci destacou, como um fator de atração do consumidor, a estabilização dos preços dos imóveis. “[O grande número de unidades em estoque faz com que] a população tenha uma condição melhor de negociação de preço”, disse ele, destacando que o Valor Global de Vendas do ano passado ficou em torno de 60% abaixo do verificado em 2013. “É um bom período para comprar imóvel e para negociar”, concluiu o economista acredita. Para ele, a estabilização do preço será uma tendência para 2015.