Governadores querem acelerar projeto de ferrovia entre Rio e Espírito Santo
Os governos do Rio de Janeiro e do Espírito Santo e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) querem agilizar a elaboração do projeto da Ferrovia EF-118, que ligará portos dos dois estados. O detalhamento das obras ocorreu hoje (10), durante audiência pública na Associação Comercial do Rio de Janeiro. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, disse esperar que o que cabe ao planejamento seja finalizado este ano, de modo a avançar em 2016.
"Não tem data. Estamos na fase de audiências públicas, mas quero que cheguemos ao fim do ano com a engenharia para começar em 2016", informou o governador. "É uma ferrovia muito importante para nós e vital para o Rio, o Espírito Santo, Minas e o Brasil inteiro. Passará por todos os portos e pelo Porto do Açu, que é uma nova fronteira do desenvolvimento. Será um porto com capacidade para receber grandes navios."
O projeto está orçado em R$ 7,6 bilhões e faz parte do Programa de Infraestrutura e Logística, lançado no mês passado pela presidenta Dilma Rousseff. A extensão da ferrovia será de 577,8 quilômetros, com bitola larga e mista.
Do total, 404,6 quilômetros serão no Rio e 169,2 quilômetros, no Espírito Santo, interligando terminais portuários de características diferentes nos dois estados, entre eles Sepetiba, Itaguaí e Macaé, no Rio, e Ubu, Vitória e Tubarão, no Espírito Santo. Além do Porto do Açu, o sistema integrará o porto capixaba Central, que também tem calado para navios maiores.
A ferrovia cortará 25 municípios, partindo de Nova Iguaçu, na região metropolitana do Rio, onde se conectará com a malha concedida à MRS Logística S.A, que liga o Rio a São Paulo e Minas. No Espiríto Santo, haverá ligação na cidade de Cariacica com a Estrada de Ferro Vitória a Minas, concedida à Vale S.A.
Em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, a ferrovia será ligada à futura Estrada de Ferro Transcontinental, projeto que pretende estabelecer um caminho sobre trilhos para o Oceano Pacífico, chegando ao Peru.
Depois das audiências públicas, o projeto será encaminhado ao Tribunal de Contas da União (TCU), para que possa ser licitado pelo governo federal e se torne uma parceria público-privada.
O governador do Rio defendeu agilidade no projeto e a busca de parceiros com concessões no setor. "Que tragam parceiros novos, mas não podemos pensar em inventar a roda. Vimos a demora quando temos de elaborar e viajar muito para buscar parceiros. Não sai do papel."
De acordo com Pezão, a frustração foi grande com o trem-bala. "Discutimos por três, quatro anos e jogamos o projeto na lata de lixo. Deixamos de realizar sonhos quando o Brasil crescia a 5%. "Segundo ele, obras de outros modais, como o metrô, poderiam ter sido discutidas no período.
O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, destacou que o projeto garante competitividade ao Brasil e retoma a visão do desenvolvimento ferroviário, "perdida de forma equivocada no país", com a priorização de rodovias.
Para Hartung, é preciso estabelecer uma agenda que enfrente "o baixo astral no país". "Vivemos um momento em que, se deixar, o baixo astral toma conta. Precisamos enfrentar essa tendência negativa que toma conta do país. Não podemos enfrentar de cabeça baixa, muito menos pensar 2018 em 2015", acrescentou o governador.
O diretor-geral da ANTT, Jorge Bastos, também afirmou que o projeto é fundamental para o Brasil e precisa ser executado "o mais rápido possível". "Ele terá capilaridade para cargas diversas e ligará os dois maiores portos em desenvolvimento no Brasil."