Setor automobilístico impacta queda de 8,1% na indústria
Entre os 24 segmentos do setor industrial brasileiro, o automobilístico foi o que mais impactou negativamente o comportamento da indústria brasileira, que fechou os primeiros onze meses do ano com queda acumulada de 8,1%.
Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Brasil (PIM-Brasil), divulgada hoje (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com números predominantemente negativos em todas as bases de comparação.
No índice acumulado entre janeiro e novembro de 2015, frente a igual período do ano anterior, a queda de 8,1%, no entanto, mostra perfil disseminado de taxas negativas, e envolve as quatro grandes categorias econômicas, 25 dos 26 ramos, 71 dos 79 grupos e 77,6% dos 805 produtos pesquisados – todos apontando recuo na produção acumulada de janeiro a novembro.
A queda do segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias, no entanto, chegou a 25,6%, pressionado pela redução na produção de aproximadamente 97% dos produtos investigados na atividade, com destaque para automóveis, caminhões, caminhão-trator para reboques e semirreboques, veículos para transporte de mercadorias, autopeças, reboques e semirreboques e carrocerias para ônibus e caminhões.
Para o gerente de Coordenação de Indústria do IBGE. André Macedo, o setor de veículos automotivos no consolidado de 2015 foi, sem dúvida, o grupamento que mostrou a principal magnitude de perda, embora para além dele existam outros 24 ramos com queda na produção, “dando conta desse perfil de redução disseminado de ritmo da atividade da indústria, com nível mais baixo também nos investimentos e no consumo por parte das famílias”.
“Mas não há dúvidas de que o que mais pesou negativamente foi o setor de veículos automotores: A redução na produção de automóveis, caminhões, auto-peças, todo um conjunto de produtos nesta atividade com comportamento amplamente negativo. É um setor que ainda se encontra com estoques acima do seu padrão habitual e mesmo em um ano em que houve redução de jornada, corte de turnos e demissões, o que também ajuda a explicar parte da queda do setor e da sua influência negativa para os números da indústria”, afirmou.
Ainda no resultado acumulado de janeiro a novembro, outras contribuições negativas relevantes vieram de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-29,6%), máquinas e equipamentos (-13,8%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-5,8%), metalurgia (-8,5%), produtos alimentícios (-2,8%), produtos de metal (-10,9%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-12,9%) e produtos de borracha e de material plástico (-8,8%), entre outros. A única influência positiva foi observada nas indústrias extrativas (4,7%), impulsionada por minérios de ferro e óleos brutos de petróleo.
Ao falar da queda de 2,4% de outubro para dezembro deste ano, o sexto resultado negativo consecutivo – a mais intensa desde os -2,8% de dezembro de 2013 e acumulando no período retração de 8,3% – o pesquisador do IBGE ressaltou que a produção industrial permanece com um quadro de menor intensidade da produção.
“Na margem da série, o setor permanece com comportamento negativo, aumentando, inclusive, a intensidade da queda de outubro para novembro. O fechamento, até novembro, nos remete a uma queda mais intensa no fechamento de cada ano, especialmente tendo como marca o ano de 2015 – com um perfil disseminado e com taxas negativas e relevantes."
Para André Macedo, já na passagem de outubro para novembro, os setores de extrativa e de refino e petróleo foram os que mais impactaram a queda de 2,4%, “e, é claro que os eventos do rompimento da barragem na região de Mariana e a greve dos petroleiros, que alcançou boa parte do mês de novembro, teve influência relevante no impacto dessas duas atividade. Mas, para além dela, nós temos também um número maior de atividade explicando essa queda”.
“E são fatores que permaneceram ao longo de 2015: o ambiente de incertezas afetando as decisão de investimentos por parte das empresas, tendo como consequência a redução da categoria de bens de capital; pelo lado das famílias todo o ambiente de incertezas afetando as decisões de consumo, com reflexo diretos quer seja em bens duráveis ou semi duráveis”, avaliou.
Ele destacou, ainda, questões como “o crédito mais caro, que reduz a intensão de consumir, o mercado de trabalho mais restrito, com amento da taxa de desemprego e renda menor com inflação mais alta – o que diminui a renda das famílias. Conjugados, estes fatores justificam não só a magnitude da queda ao longo do ano, mas também o 'espalhamento' dos resultados negativos”.
Para ele, nem as encomendas para os festejos de final de ano provocaram alteração neste quadro de queda generalizada no setor industrial. “As encomendas do final do ano ficam situadas mais para outubro, parte em novembro e já foi captado na taxa divulgada hoje. 2015, portanto, terá resultados predominantemente negativos e o resultado de dezembro só define em que percentual ficará essa queda. Então, é preciso esperar o final [do ano] para verificar o nível da queda”.