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Economia

Nova renegociação de dívidas não aumenta risco de sonegação, diz Meirelles

Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 17/01/2017 - 20:35
Brasília
Ministro Henrique Meirelles em Davos, na Suíça
© Agência Lusa/EPA/Laurent Gillieron

 

Ministro Henrique Meirelles em Davos, na Suíça

Para Meirelles, as medidas de ajuste fiscal estão revigorando o interesse dos investidores estrangeiros no BrasilAgência Lusa/EPA/Laurent Gillieron

A nova renegociação de dívidas posta em prática pelo governo não aumenta o risco de sonegação, disse hoje (17) o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Em entrevista a jornalistas durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, ele afirmou que o programa facilita o equilíbrio das contas públicas e diminui o endividamento da população ao oferecer a oportunidade para contribuintes acertarem as contas com o governo.

De acordo com o ministro, a diferença em relação a refinanciamentos anteriores está no fato de que o novo programa não tem desconto de multas nem de juros. “Esse programa funciona muito bem do nosso ponto de vista. Ajuda as empresas em dificuldade, mas não funciona como desincentivo ao futuro pagamento de impostos, pois não tem desconto de juros e multa”, declarou o ministro após almoço com investidores internacionais.

Em áudio divulgado na página da internet do ministério, Meirelles informou que as medidas de ajuste fiscal tomadas pelo governo estão revigorando o interesse dos investidores estrangeiros no Brasil.

“Existe mais disposição em investir no Brasil agora. Os investidores prestaram mais atenção em algumas questões básicas. Primeiro, que o Brasil já está crescendo neste trimestre. Mesmo que a média do PIB [Produto Interno Bruto] de 2017 com 2016 seja baixa, o crescimento durante o último trimestre de 2017, comparado com o último trimestre de 2016, é um crescimento grande de 2% e um crescimento ainda maior em 2018”, acrescentou.

Segundo o ministro, os empresários e os investidores têm manifestado interesse na aprovação da emenda constitucional que limita os gastos públicos pelos próximos 20 anos, na proposta de reforma da Previdência e na renegociação da dívida dos estados.

“O ajuste fiscal impressiona as pessoas e muitos dizem que é um exemplo para os países desenvolvidos. Está sendo vista muito favoravelmente a aprovação do teto de gastos, além da questão da reestruturação da dívida dos estados”, comentou.

Juros americanos

Sobre uma eventual alta dos juros americanos após a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, Meirelles disse não estar preocupado com a atuação do Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano). Segundo ele, o Brasil tem câmbio flutuante, o que não prejudica as reservas internacionais, e está confortável com possíveis aumentos das taxas básicas nos Estados Unidos.

“O fato concreto é que temos câmbio flutuante e estamos confortáveis com o nível das taxas de juros. Não pode ser considerado normal o que houve lá nos últimos anos [juros nos menores níveis da história após a crise de 2008]. O mundo estará lidando com a normalização da política monetária nos Estados Unidos. Ela é esperada, normal e está nos preços”, declarou Meirelles.

O ministro negou ter sido questionado pelos investidores internacionais sobre dificuldades políticas do governo Michel Temer.

“Ninguém [investidores] tem essa dúvida, na medida em que é um governo que está empossado segundo um procedimento constitucional, aprovado pela maioria do Congresso, com as sessões presididas pelo presidente do STF [Supremo Tribunal Federal]. O que as pessoas estão olhando é a consistência e o prazo de maturação das medidas”, concluiu.