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Economia

Chegada de caminhões ao Ceasa-RJ diminui e preços sobem

O valor médio das hortaliças, por exemplo, aumentou cerca de 70%
Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 24/05/2018 - 13:19
Rio de Janeiro

A Central de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro (Ceasa-RJ) recebeu somente 50 caminhões entre 3h e 10h de hoje (24), informou a assessoria de imprensa do órgão. O motivo é a greve dos caminhoneiros, que entra hoje no quarto dia. O movimento representa apenas 10% dos número que chega à central em um dia comum e teve reflexo nos preços dos produtos disponíveis. O valor médio das hortaliças, por exemplo, aumentou cerca de 70%, segundo a central de abastecimento.

Diretores e o presidente da Ceasa passaram a manhã reunidos para avaliar a situação, e um balanço mais completo deve ser divulgado posteriormente. 

No Pavilhão 21, onde produtores locais vendem hortaliças, boxes estão vazios, carregadores conversam ociosos e comerciantes oferecem principalmente produtos que foram entregues em dias anteriores. 

Greve de caminhoneiros causa desabastecimento na Ceasa, na zona norte do Rio de Janeiro.
Greve de caminhoneiros causa desabastecimento na Ceasa, na zona norte do Rio de Janeiro. - Tomaz Silva/Agência Brasil

O vendedor Pablo Silva trabalha apenas com cenoura, um dos produtos que teve o preço mais afetado, de acordo com o Ceasa. Com apenas cinco caixas restando, ele conta que elevou o preço de R$ 30 para R$ 80.

"Isso era o que sobrou e na loja. Se acabar, acabou. Por dia, a gente vende 40 ou 50 caixas. Hoje, trouxe só dez caixas e olhe lá".

Feiras de rua esvaziadas

A elevação de preços se disseminou e chegou às feiras de rua do Rio de Janeiro. Na Tijuca, a contadora Ana Maria Peixoto, de 51 anos, não encontrou verduras simples como alface e saiu da feira impressionada com os preços.

"Aumentaram os preços e não tem muita concorrência. Várias barracas não apareceram", queixou-se. "Estou levando uma sacola com o que realmente não podia deixar de comprar".

Único vendedor de hortaliças que estava na feira, Manuel Antônio só conseguiu os produtos porque foi ele mesmo na Região Serrana comprar diretamente dos produtores.

"Trouxe em um carro de passeio. Tive que trazer eu mesmo e, mesmo assim, foi pouco".

A dificuldade e a falta de concorrência aumentaram o preço e o molho de salsa que costumava ser vendido por R$ 2 estava saindo por R$ 6.

Na barraca em que Edson Bento vende bananas, o preço também subiu. Como adquiriu as caixas do produto por R$ 50 em vez de R$ 45, ele elevou o preço da dúzia de R$ 4 para R$ 6. 

"Eu pedi 15 caixas e só podiam me arrumar 10. E esse aqui já estava separado, porque o entregador me garantiu só para sexta-feira. Para sábado e domingo não tem", disse ele, "Vou dar o meu jeito, porque são os melhores dias".

Apesar das dificuldades, o feirante afirma que apoia a greve dos caminhoneiros, por considerar o preço dos combustíveis "um esculacho". Com menos de um terço dos produtos que costuma vender disponíveis, ele já avisa que na feira de hoje não vai ter xepa.

"De jeito nenhum. É prejuízo vir para não ganhar nada. Tenho que sair daqui com alguma coisa".

Quem circulou pela feira hoje ouviu reclamações constantemente, mas também viu a criatividade dos feirantes em ação. Na barraca de laranja, o vendedor chamava em tom bem humorado: "Deu no rádio que vai faltar laranja, hein? É melhor comprar".