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Economia

Guedes: reforma da Previdência e abertura de mercado são prioridades

Simplificação de impostos e privatizações são os outros dois pilares
Wellton Máximo e Pedro Rafael Vilela – Repórteres da Agência Brasil
Publicado em 02/01/2019 - 18:10
Brasília
Transmissão de cargo dos ministros da Fazenda, Eduardo Guardia, do Planejamento, Esteves Colnago, e da Indústria e Comércio Exterior, Marcos Jorge, ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Participa o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
© Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou hoje (2) que a sua gestão será centrada em quatro pilares: abertura da economia, simplificação de impostos, privatizações e reforma da Previdência, acompanhada da descentralização de recursos para estados e municípios. Ele destacou que o novo governo pretende dar importância ao capital humano – como os economistas chamam o investimento em capacitação do cidadão.

“Os economistas liberais sempre tiveram uma outra face, a do capital humano, a importância de investimento em saúde e educação. Pretendemos dar dinheiro para voucher [vales individuais] para saúde, creche e educação, investir na formação da criança de 0 a 9 anos. O governo tem essa ênfase, de um lado, dos conservadores, na família, e a ideia de investimento maciço em capital humano”, declarou.

Na cerimônia de transmissão de cargo, o ministro destacou que o mercado é o principal mecanismo de inclusão social, que permite redistribuir dinheiro de setores privilegiados da sociedade para a saúde e a educação. Ele defendeu reformas estruturais para destravar a economia brasileira, classificando-as de “paredes” de sustentação do teto de gastos.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, discursa na solenidade de transmissão de cargo.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, discursa na solenidade de transmissão de cargo - Valter Campanato/Agência Brasil

“Teto, sem paredes de sustentação, cai”, declarou Guedes, ao explicar que pretende controlar o crescimento de gastos públicos, em vez de cortá-los dramaticamente. Segundo ele, o gasto do governo subiu de forma ininterrupta nas últimas quatro décadas, provocando diversas disfunções na economia. O novo ministro classificou o quadro econômico atual de “falsa tranquilidade”, mas disse que o país pagaria caro se a economia não mudasse de rumo.

De acordo com Guedes, o Brasil desperdiçou a oportunidade de crescer como tigres asiáticos por insistir numa economia concentrada no Estado, em vez de uma economia de mercado. Segundo o novo ministro, a “insistência” em ter o setor público como motor da economia produziu “dois filhões bastardos”: a expansão do gasto público e a desestabilização econômica. Nesse momento, ele foi bastante aplaudido por uma plateia formada por banqueiros e empresários.

Na cerimônia, em que deu posse aos secretários da pasta, Paulo Guedes prometeu combater o corporativismo e a manutenção de privilégios para setores da sociedade. Ele negou que os liberais pretendem beneficiar apenas a faixa mais rica da população e disse que o novo governo trabalhará para tornar o Estado mais eficiente para distribuir os gastos para os setores menos favorecidos da sociedade.

“Não adianta tentar preservar feudo, usado para comprar influência parlamentar, gasto publicitário. Vamos buscar excesso de gastos. Vamos buscar dinheiro, porque está faltando para saúde, para educação, para Bolsa Família”, declarou Guedes, sendo novamente ovacionado pela plateia.

O discurso do novo ministro durou 49 minutos. Além de Guedes e dos ministros que chefiavam as pastas reunidas no Ministério da Economia, a cerimônia de transmissão de cargo teve a presença dos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia; do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli; do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Raimundo Carreiro; e do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, que ficará no cargo até março. O futuro presidente do BC, Roberto Campos Neto, também esteva no evento, que ocorreu em um auditório cedido pelo TCU.