logo Agência Brasil
Economia

Escassez de chuvas leva governo a acionar termelétricas mais caras

Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 08/02/2019 - 20:16
Brasília
Brasília - O consumo de energia elétrica fechou os primeiros três meses do ano com queda acumulada de 4,2% em relação ao mesmo período do ano passado  (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
© Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) decidiu hoje (8), em reunião extraordinária, liberar o funcionamento de usinas termelétricas mais caras, a chamada fora da ordem de mérito. De acordo com o comitê, a medida foi tomada por causa da escassez de chuvas, dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas que se encontram abaixo da média histórica para o período e levando em consideração "as previsões meteorológicas para os próximos dias".

A ordem de despacho das usinas, feita pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), é definida pela energia de menor custo, em geral, as hidrelétricas, até as térmicas de maior custo, fora da ordem de mérito de custo econômico. Com a decisão desta sexta-feira, serão despachadas as usinas cujo custo para a geração de energia apresenta valores superiores aos indicados pelos modelos computacionais do setor.

"Assim, serão despachadas as usinas termelétricas até o limite de Custo Variável Unitário – CVU de R$ 588,75/MWh nos subsistemas Sudeste-Centro-Oeste e Sul, a partir de 9 de fevereiro de 2019", disse o CMSE em nota.

O comitê, responsável pelo monitoramento das condições de abastecimento e pelo atendimento ao mercado de energia elétrica do país, decidiu ainda que o ONS deve considerar a liberação da importação de energia do Uruguai e da Argentina, também a partir de amanhã, como recurso adicional, mas mantendo a geração de usinas termelétricas.

Dados meteorológicos mostram que, em janeiro, predominou no país cenário de pouca chuva, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Com isso, a quantidade de água que chegou aos reservatórios das hidrelétricas, responsáveis por 64% do parque gerador nacional, ficou abaixo da média histórica em todos os subsistemas.

As informações, apresentadas na reunião do comitê, na quarta-feira (6), mostram que o armazenamento nos reservatórios do Subsistema Sudeste/Centro-Oeste ficou em 26,5%; no Sul, em 44,5%; no Nordeste, em 42,1% e no Norte, em 30,6%.

De acordo com o comitê, para este mês, há possibilidade de melhoria dessas condições no Sudeste/Centro-Oeste e no Norte, com a possibilidade de os armazenamentos fecharem o mês em 27,9% e 45,8%, respectivamente. As previsões indicam piora com os reservatórios no término do mês em 41,4%, no Sul e em 40,9%, no Nordeste.

De acordo com o CMSE, mesmo com o cenário de baixa nos reservatórios das usinas hidrelétricas, responsáveis por dois terços da geração de energia do país, está garantido o suprimento neste ano. O comitê ressalta, porém, que permanecerá acompanhando permanentemente as condições de suprimento do Sistema Elétrico Brasileiro, principalmente no que se refere ao nível dos reservatórios, e as condições de atendimento serão reavaliadas semanalmente.